domingo, 26 de março de 2017

EU E A FOTOGRAFIA: um percurso na educação.


Como escrevi no artigo anterior http://culturainfantilearte.blogspot.com.br/2016/11/eu-e-fotografia-construcao-de-um-olhar.html , meu olhar para fotografar o cotidiano escolar modificou-se aos poucos, de acordo com as minhas experiências pessoais.

É um prazer clicar a potencialidade das crianças! Trabalhar em diferentes escolas, com práticas e concepções distintas, contribuiu muito para minha formação como professora e, consequentemente, para esse olhar. Desde que iniciei meu percurso na pedagogia como estagiária, lembro-me de receber elogios em relação as fotografias.

Outros fatores que também foram importantes nesse percurso: 


  • em 2012, criei esse blog para compartilhar minha prática, tinha muitos registros interessantes acumulados nos últimos anos;
  • em 2013, trabalhei com o currículo organizado por projetos interdisciplinares e conheci pessoalmente as escolas de Reggio Emilia;
  • em 2014, tive a oportunidade de implementar e atuar como professora de FI no período complementar de uma escola particular em SP. Com uma proposta mais aberta, onde a observação se fez essencial para criar propostas a partir também do interesse dos alunos, registrei tudo, fotografei os processos e as surpresas do cotidiano.
Além do exercício, praticamente, diário de fotografar de tudo um pouco, realizar testes em casa e assim aprender a usar as funções da câmera. Aprendizagem que de tempos em tempos preciso retomar dependendo do quanto mantenho a prática.

Como já citei, meu olhar tornou-se mais investigativo, não registrava apenas para documentar, mas também para aprender, para refletir e para interpretar o que as crianças queriam me dizer com seus fazeres, principalmente, nos momentos de maior liberdade e criação.

Quando conheci o trabalho do professor André Carrieri, fiquei interessada em participar de um curso ministrado por ele, mas nunca dava certo, até que consegui! O que também contribuiu para meu desenvolvimento com a fotografia.

Aprendi os tempos desse processo fotográfico, o movimento inseparável de fotografar e pensar sobre essa ação. E como uma linguagem organizada que provoca, sensibiliza, traduz e proporciona visibilidade ao percurso educativo no cotidiano escolar, precisamos estudá-la.


Foto de André Carrieri

Foto de André Carrieri
Depois de 5 encontros com diversas vivências e trocas, cada participante foi criando seu estilo, apurando seu olhar, tomando decisões, experimentando novas formas...até se encontrar.

O que mudou depois do curso?

Pra começar as vivências em grupo, trocas e reflexões foram essenciais: ouvir o outro, refletir sobre o trabalho do outro, se abrir para outros pontos de vista. Estar em grupo é o primeiro ponto que me fez sair do lugar.

Depois outras dúvidas foram aos poucos esclarecidas pelo professor conforme nossas vivências:
  • Como decidir se a foto fica melhor em preto e branco ou colorida?
  • Qual é a melhor resolução para cada tamanho de ampliação?
  • Recortar a foto, tirar de perto ou usar zoom?
  • Quais são os melhores enquadramentos, dependendo do que você quer e pode mostrar? 
  • Que quantidade de fotos são suficientes para contar uma história?
  • Que critérios eleger para seleção de fotos?
  • Que infância você está fotografando? Você vê o que a criança mostra ou vê o que acha que vê?
  • O que a criança quer dizer com determinado gesto ou ação?
  • Você tira ou faz fotos?
  • Como está posicionado seu corpo ao fotografar?
  • dentre outras perguntas...
Foto de Bianca Franchi

Foto do Centro de Estudos Encontros e Conexões Pedagógicas
 
É importante considerar:

  • o trabalho com a fotografia dá visibilidade a prática pedagógica;
  • revela concepções, olhares e aprendizagens;
  • quando uma foto ou uma sequência de fotos é escolhida, tem uma intenção, elas passam uma mensagem. 
  • prefira tirar fotos espontâneas, fotos posadas permeiam outros valores, que não esses que aqui me dedico;
  • aos poucos as crianças se acostumam com a câmera e não se importarão mais de serem fotografadas, nem farão poses, se for o caso tire uma com pose e outra sem;
  • compartilhe com as crianças o porque das fotos, para onde vão, o que contam; 
  • deixe-nas participar desse processo com a documentação acessível e até tirar fotos, elas são capazes, acredite! Já nasceram no mundo digital;
  • se for divulgar em redes sociais ou circulação interna, peça autorização das famílias desde o início do ano;
  • não compartilhe fotos dos seus alunos nas suas redes sociais, a não ser que a escola publicou primeiro (somente fotos sem o rosto ou nome da escola);
  • troque com seus colegas, crie um espaço de diálogo, nem sempre conseguimos ver o que a criança está contando e outras interpretações contribuem muito; 
  • fotografia é prática e criatividade, ninguém nasce sabendo ou tem "o dom";
  • encante mais pessoas ao seu redor, faça registros autorais e coletivos;
  • ao tirar uma foto, olhe também para o fundo, o espaço, a luz;
  • pesquisar e conhecer sobre fotografia é necessário para aprimorar o olhar;
  • lembre-se que embora a câmera ajuda muito na qualidade da foto, é você que está por trás dela, sua visão;
  • a câmera é o seu brinquedo, divirta-se! (André Carrieri)

Foto do Centro de Estudos Encontros e Conexões Pedagógicas


Foto de Bianca Franchi

Depois descobri um estilo próprio e autoral: fotografar, propositalmente, também do ponto de vista do adulto, de cima pra baixo, mostrando o que as crianças estão fazendo no parque. Confira o perfil www.instagram.com/culturainfantil



Folders do Centros de Estudos Encontros e Conexões Pedagógicas




Essas são algumas fotos que apresentei na Mostra em 2016, finalizando a formação.









Sobre meu tema: passei a me concentrar mais nas ações e nos gestos, do que me preocupar se os objetos e os brinquedos estavam em bom estado ou em mostrar as crianças. Percebi que as panelas velhas faziam sucesso e o importante é brincar. As crianças são fantásticas, basta conseguir observá-las e deixá-las criar!


Sempre há pelo menos três pessoas em toda fotografia: o fotógrafo, o sujeito ou objeto fotografado e o espectador. Ansel Adams
Às vezes existe uma única foto cuja composição possui tanto vigor e tanta riqueza, cujo conteúdo irradia tanta comunicação, que esta foto em si é toda uma história. Henri Cartier-Bresson
Você não pode depender dos seus olhos quando sua imaginação está fora de foco. Mark Twain
A câmera é um instrumento que ensina as pessoas a verem sem uma câmera. Dorothea Lange
Só você e sua câmera. As limitações em sua fotografia estão em você mesmo, porque o que você vê é o que você é. Ernest Haas
Fotografar é, num mesmo instante e numa fração de segundo, reconhecer um fato e a organização rigorosa das formas percebidas visualmente que exprimem e significam este fato. É colocar na mesma mira a cabeça, o olho e a emoção. No que me concerne, "fotografar  é um meio de compreender". É uma forma de gritar, de se liberar e não de provar ou afirmar sua própria originalidade. Henri Cartier-Bresson 


Foto de Bianca Franchi







Foto de André Carrieri
Foto do Centro de Estudos Encontros e Conexões


Para saber mais...




Um registro de outro curso 2014/2015:


VISITE O NOVO SITE DO BLOG CULTURA INFANTIL www.blogculturainfantil.com.br/blog

*Todos os direitos autorais das imagens e texto reservados para Marcela Chanan. É proibida sua cópia sem autorização prévia. O compartilhamento da publicação na íntegra diretamente do blog (link e via redes sociais) é livre.

segunda-feira, 13 de março de 2017

LITERATURA INFANTIL: indicações do mês de março.

Texto: Dulce Seabra e Sérgio Maciel
Ilustrações: Albert Llinares
Editora: Cortez

Um livro\documento muito importante para ser ensinado nas escolas, uma ferramenta para conversar sobre as regras, as relações, o respeito, a ética, o mundo adulto e o infantil. Uma referência para o exercício da cidadania. 
Traz a unificação da humanidade como marco: o que prejudica um povo, etnia ou indivíduo; prejudica toda humanidade. 
A efetivação dos direitos ainda estão em processo e para estarmos cada vez mais próximos da concretização, o Estado, a família, a escola e todos os cidadãos são responsáveis por colocar esse documento em prática, como regulador ético.
"Nele estão expressos direitos e deveres que fazem de nós, humanos, seres respeitáveis e civilizados, especiais em nossas atitudes e no modo como nos relacionamos uns com os outros.Conhecer essas regras desde cedo é fundamental para construirmos um mundo cada vez mais justo  e feliz, repleto de compreensão e respeito mútuo".

Para complementar:

Filme: www.youtube.com/watch?v=j33hoi_Cn7Y
Declaração: www.unicef.org/brazil/pt/resources_10133.html



Texto: Giovanna Zoboli
Ilustrações: Guido Scarabotollo
Tradução: Noelly Russo
Editora: Pequena Zahar

Crianças são cheias de perguntas. Observadoras e curiosas, questionam o mundo na tentativa de entenderem como as coisas funcionam. Um mundo cheio de aventuras, mágicas e diversão.
De dentro do carro uma criança pode imaginar muita coisa e com isso criar fantasias, elaborar ideias e diversas perguntas.

Se divertir dentro do carro pode até virar uma brincadeira! Aproveitem!


Texto: Alessandra Almeida Maltarollo
Ilustrações: Yolle Torres
Editora: Zit

Esse texto mostra como é a vida de uma criança com Down, uma vida feliz, divertida e saudável como a vida de todas as crianças devem ser.
Uma criança que brinca, que vai à escola, tem bons professores, vários amiguinhos e uma família que a ama muito.

Clarice é uma menina que faz muitas coisas e aproveita a vida ativa que tem. Ela descansa, ajuda, comemora, brinca, tem contato com a natureza e com os animais; gosta de desafios, de música, de dançar e atividades físicas. Está sempre a sorrir e disposta a aprender, cada aprendizado no seu tempo com suas particularidades, assim como as demais crianças.

Um belo livro para aproveitar e trocar experiências com a Clarice por meio do e-mail da mãe que é autora do livro.

Para quem é do RJ:






Texto: Lesley Gibbes
Ilustrações: Stephen Michael King
Editora: Brinque-Book


Três amigos saem de casa em uma aventura misteriosa, em uma noite assustadora. Cada um levando uma coisa nas mãos. A ilustração da capa já sinaliza um pouco o conteúdo da narrativa e pode ser comentada pelas crianças antes da leitura. 

A cada página, a ilustração complementa o texto e aguça mais ainda o suspense. Será que eles sentiram medo? Eles desistiram? E se eles encontrarem algo horripilante? Para onde eles vão? Com tantas perguntas para responder e mistérios para desvendar, o desfecho da história é surpreendedor e divertido.

Com certeza as crianças ficarão intrigadas com o clima de suspense, imaginando muitas coisas, mas será difícil prever o final. Quando as personagens chegam ao destino e contam 1,2,3 para abrir uma porta...o que será que vai acontecer?

Bom suspense!



Texto: Isabel Minhós Martins
Ilustrações: Bernardo Carvalho
Editora: Peirópolis


Um livro muito bacana para apresentar e conversar com as crianças sobre o que aprendemos com as diferentes pessoas que fazem parte das nossas vidas e/ou que nos relacionamos.

Na escola, é comum ouvirmos das crianças "Mas a outra professora", "Mas meus pais", "Mas meu irmão"...uma infinidade de aprendizagens com diferentes pessoas e que as elas ainda estão aprendendo como, onde e quando usar cada uma delas. Principalmente diferenciando os espaços sociais e privados em relação ao que é possível em cada um deles e que o ambiente familiar é diferente do ambiente escolar, mas algumas coisas na vida estão entrelaçadas, fazem parte de algo maior.

Quando ensinamos algo a uma criança e isso é colocado em prática, ela agradece! Nem sempre com um obrigado, mas com um sorriso, um abraço, um olhar, um desenho de presente ou mesmo uma fala. O sentimento de gratidão é o que vale.

Obrigada!