sábado, 12 de abril de 2014

O BRINQUEDO E O BRINCAR: opções que ensinan e resgatam valores.

 
Tenho percebido o quanto as pessoas estão preocupadas com as crianças em relação a alguns aspectos: o consumismo, a alimentação, os direitos, a violência sexual, a primeira infância, o tempo e as tarefas, a educação integral, o brincar, as famílias, a escola etc. São muitas instituições, projetos e organizações empenhadas em divulgar cada vez mais informações que demonstram o quanto a sociedade está se mobilizando para essas questões e o quanto é importante que a população tenha acesso a esse novo paradigma. 

Acompanhando essas publicações, me deparei com uma novidade: feiras de brinquedos e sites que trocam ou alugam brinquedos. Essa novidade me despertou curiosidade, interesse e reflexão.

Como educadora muitas vezes na escola percebo as crianças vinculadas aos brinquedos de forma a se gabar "Eu tenho, vc não tem" ou "Eu tenho todos"  ...enfim falas que demonstram uma preocupação maior com o ter do que com o se divertir.  Algumas não tem cuidado e pouco se preocupam se vai quebrar ou não, esquecem o brinquedo pela escola e ás vezes nem se importam, enquanto outros sofrem de tão apegados. Outras revelam ganhar brinquedos o tempo todo, basta pedir, fazer uma birra. Ouço frequentemente "Eu tenho meu ipad, meu ipod, meu.." a criança dentro de uma família tem o dela separado, falo de crianças de 4 a 7 anos de escolas particulares.

A moda de brinquedos também é muito insana, vejo-as com brinquedos caríssimos e que muitas vezes empobrecem a brincadeira, porque só pode ser aquilo mesmo. Uma semana depois está largado e já não gosta mais, gostava enquanto era novidade e destaque entre os colegas, depois que todos obtiveram, não tem mais graça. Outras crianças não trazem porque não querem ou se esquecem e é motivo de choro, normalmente com uma conversa do educador elas se confortam, eu costumo dizer "Já tem tanto brinquedo na escola, tudo bem não trazer!" ou peço para a criança escolher um brinquedo da escola mesmo para ficar naquele dia ou ainda um colega que trouxe mais de um pode emprestar.

Alguns mantém uma postura solidária e se desapega para emprestar, outros precisam de uma condição "Só empresto se você...". Muitas vezes esse brinquedo dá poder, digo esse brinquedo consumista que passa nos comerciais manipulando desejos nos pequenos.

Também já observei que acontece do brinquedo permanecer na mochila o tempo todo por ter outras coisas mais interessantes para explorar ou porque tem medo de estragar e não quer que ninguém toque.

Lembrei até das festas de aniversário: já presenciei crianças cobrando presente do colega que não deu e outras vezes até se queixando do que ganhou. Já presenciei cenas de crianças prometendo dar brinquedos aos colegas no dia do aniversário para conseguir ser amigo ou brincar junto, para se sentir querido pelo outro. Que valores são esses que as crianças estão aprendendo? Que o objeto material manipula as pessoas?

Considerando que o brincar propicia o desenvolvimento saudável das crianças e muitos aprendizados sociais. Precisamos todos, pais e educadores, nos conscientizarmos para que possamos mudar esse quadro no qual nos vemos atualmente: o consumismo infantil.

Apresento abaixo algumas opções que proporcionam uma nova forma de brincar e de se relacionar com os brinquedos:


Feiras de troca de brinquedos

 

 As feiras de troca de brinquedos acontecem em todo Brasil e o Instituo Alana colabora com a organização, divulgação e um manual de como fazer a sua feira. O princípio é o exercício do desapego e  a formação de valores menos materialista em uma sociedade tão consumista. As crianças se divertem, interagem, podem trocar brinquedos que não mais lhes interessam e escolher outro usado, dar um significado, sem precisar de dinheiro para se relacionar com os outros. Site http://mobilizacao.alana.org.br/#!/ 

Confira alguns vídeos que contam mais sobre a importância dessa iniciativa:
 

 

O Quintal de trocas tem como princípio a brincadeira sustentável, o cuidado com os brinquedos e o não consumismo exagerado. Com essa troca a criança valoriza o ato de brincar, o que aquele brinquedo lhe proporcionará de prazer e diversão e não o preço, o status de ter determinado brinquedo. Além de aprenderem a abrir mão de um brinquedo e que ele precisa estar em boas condições para trocar; aprendem a negociar, a desapegar, a compartilhar e a ceder para conquistar outro. Essa prática ajuda o planeta a produzir e as desperdiçar menos.

Confira um vídeo de como participar do Quintal de trocas:

https://www.youtube.com/watch?v=EEGcsYG_4Q4

A vantagem de trocar brinquedos é que o foco fica na brincadeira e não no comprar. Um brinquedo comprado pode se transformar em vários e que depois de brincar e se divertir muito, a criança pode desenhar ou escrever uma carta contando como foi essa experiência para outra criança que receberá este brinquedo.
 
Maria Brincadeira
 
 
 
A Maria Brincadeira tem a ideia de compartilhar não comprar brinquedos e sim ter muitos amigos. O segredo é trocar, compartilhar, emprestar e dividir com crianças do mundo todo. Tem a proposta de consumo colaborativo, ou seja, ter acesso a diferentes tipos de brinquedo, sem que haja a compra do produto.  
 
Confira um vídeo de apresentação dessa proposta:
 
 

Joanninha aluguel de brinquedos
 



A Joanninha oferece aluguel de brinquedos muito interessantes, a maior parte deles de madeira, para brincar em casa. Tem como princípio a valorização do brincar como forma de desenvolvimento infantil e possibilitar a construção de valores como o companheirismo e a cidadania, reaproveitar e compartilhar.

Confira o vídeo institucional com as crianças se divertindo com brinquedos que propiciam o desenvolvimento de suas habilidades:

https://www.youtube.com/watch?v=LT8KEO1CeaA