segunda-feira, 2 de novembro de 2015

LITERATURA INFANTIL: Indicação de livros encantadores para crianças bem pequenas


Autora: Orianne Lallemand 
Ilustração: Éléonore Thuillier
Tradução: Gilda de Aquino
Editora: Brinque-Book

Esse livro faz parte de uma coleção com quatro histórias. São temas próximos da vida cotidiana dos pequenos, com certeza possibilitará uma conversa gostosa no qual eles se identificarão com algumas situações. Porque criança pequena é assim: não quer compartilhar, usa penico, vai à escola e tem medo de escuro. Além de estar aprendendo a conviver com os outros colegas. 

As ilustrações são divertidas e atraem a atenção, afinal os personagens são lobos! 

Nessa história o Lobinho convida uma prima para brincar, mas quando começam a brincadeira ele não quer emprestar seus brinquedos. E agora como esse problema será resolvido?

Boa interação!




Texto e Ilustração: Guido Van Genechten
Tradução: Camila Werner
Editora: Brinque-Book

Uma narrativa graciosa e bem humorada! Essencial para o momento do desfralde.

O pequeno elefante ganha um presente incrível e tenta descobrir para que serve. O pai explica, mas mesmo assim o elefantinho continua a imaginar diversas utilidades para aquele objeto. 

Com paciência e admiração a família interage com o filhote: o pai fala novamente o que é aquilo e a mãe reforça, apenas quando o pai demonstra o uso, o pequeno entende. 

Mais tarde o pequenino experimenta! E no outro dia de novo! 




Texto: Autumn Publishing
Ilustração: Stephanie Hinton
Tradução: Gilda de Aquino
Editora: Brinque-Book


Livro com dedoches é satisfação garantida! Esse título faz parte de uma coleção com quatro volumes. São temas que agradam as crianças e divertem: dinossauros, monstros, floresta e fazenda.

De forma lúdica, as crianças pequenas interagem com a história e aprendem sobre os opostos: pequeno/grande, baixo/alto, lento/rápido, tímido/extrovertido. Mostrando que cada um tem seu jeito.

O texto é rimado e as ilustrações junto ao dedoche despertam o prazer do contato com os livros. Por conter partes pequenas (olhos) não é indicado para menores de 3 anos sem a supervisão de um adulto.






Texto e Ilustração: Silvana Rando
Editora: Brinque-Book


A Coleção Primeiros Livros é indicada para crianças a partir de 1 ano, são três livrinhos adoráveis que podem ser guardados na caixinha da coleção.

Gildo é um personagem famoso entre as crianças pequenas, já ganhou o prêmio Jabuti de literatura infantil e diverte o pequeno leitor com sua simpatia.

A coleção apresenta as cores, os opostos e a contagem até 5. As ilustrações são delicadas e facilitam a interação com os livros, também são bem coloridas e com diversas tonalidades.

Boa Primeira Leitura!



terça-feira, 27 de outubro de 2015

DESCOBRINDO TINTAS

“O vermelho vivo atrai e irrita o olhar, como chama que o homem contempla irresistivelmente. O amarelo limão berrante, depois de um certo tempo, fere o olho, com o som agudo de um clarim perfura os tímpanos . O olho pisca, não consegue suportar e vai mergulhar nas calmas profundezas do azul ou do verde”. Kandinsky




Descobrir diferentes tintas pode ser um trabalho desenvolvido com crianças de diversas faixas etárias. Possibilitar a exploração, a manipulação,  as formas de preparar as tintas, conhecer os elementos naturais, as texturas, os cheiros e suas características; favorece o desenvolvimento sensorial, da percepção e estimula a criatividade. Dependendo do objetivo é possível integrar o trabalho com as áreas do conhecimento e ampliar os saberes sobre a natureza, os povos etc.

Um relato de trabalho com o Grupo 4...

Nessa proposta as crianças tiveram a oportunidade de preparar as próprias tintas, conhecer um pouco da história dos pigmentos, utilizar as misturas preparadas para fazer pinturas e desenhos, explorar novos materiais, instrumentos e suportes, além de participar de apreciações.

As crianças conhecem uma limitada quantidade de tintas que podem ser utilizadas para pintura em suas produções, normalmente, pelo uso na escola conhecem a guache, a anilina e a aquarela. 

Com o preparo de tintas caseiras e naturais, elas puderam fazer relações e ampliar o conhecimento que já possuíam. Foi possível construir novas ideias, manipular, explorar e descobrir possibilidades como: alterar a textura da tinta e utilizar elementos da natureza para prepará-las.

Objetivos
  • ampliar o conhecimento de mundo (manipular diferentes objetos e materiais, explorar suas características, propriedades e possibilidades de manuseio, além de entrar em contato com formas diversas de expressão artística);
  • utilizar diversos materiais gráficos e plásticos sobre diferentes superfícies para ampliar suas possibilidades de expressão e comunicação;
  • conhecer novas tintas naturais e industrializadas;
  • explorar e aprofundar as possibilidades oferecidas pelos diversos materiais, instrumentos e suportes.

Algumas ideias de atividades:

1. Roda de conversa: Do que são feitas as tintas? Vocês já pintaram com alguma tinta diferente? Como poderíamos preparar uma tinta? 

Você sabia? Contar um pouco sobre o uso das tintas naturais antigamente. E que há diferenças entre a tinta feita na fábrica e estas que preparamos em casa ou na escola.

Colorir areia com anilina e produzir um desenho com cola.


2. Tinta de beterraba:

Preparar um "suco de beterraba" com o grupo e usar para pintar com pincel o “fundo” de uma cartolina de um determinado tamanho, esperar secar e depois desenhar por cima com caneta preta.


 3. Tinta com terra:

Misturar terra do jardim, água e cola.

Fazer uma pintura no canson.



4. Tinta com café:

Fazer café com água quente e pó, coar com coador de pano com o grupo.

Pintar com algodão preso em um palito o “fundo” de um papel branco de um determinado tamanho, esperar secar e depois desenhar por cima com caneta preta.





5. Tinta de urucum (índios):

Apreciar pinturas indígenas (padronagem) – depois de pronta a tinta, produzir uma pintura no corpo de um colega (braços, pernas etc).

Água, urucum e pilão. Socar a semente.

Para usar – Uma criança pinta a outra, assim como os índios (pintura corporal)

6. Nanquim

Usar nanquim preto e/ou colorido e fazer uma pintura com palito de churrasco e/ou cotonete como pincel.





7. Variações de tinta guache para exploração:


Relevo- acrescentar farinha a tinta guache.


Aquarela- acrescentar água a guache.

Áspera- acrescentar areia a guache.

Gelatinosa - acrescentar sagu




8. Tinta de espinafre:

Bater a água e o espinafre no liquidificador, depois coar.

Pintar com esponjas o “fundo” de uma cartolina de um determinado tamanho, esperar secar e depois desenhar por cima com caneta preta.





9. Tinta Têmpera (Volpi):

Apreciar obras de artistas que trabalhavam com essa tinta e contar sobre o preparo da mesma. Preparar junto com as crianças e depois produzir uma pintura no papel. 
Ovo - uma gema por criança
Pigmento 
Água 
Vinagre 

Separar a clara da gema e em seguida, com todo cuidado, retirar a película que envolve a gema; acrescentar a água, duas gotinhas de óleo de cravo (ou o vinagre) e mexa com uma colher.
Você pode separar essa base em potinhos e em cada um acrescentar o pigmento da cor desejada.

OBS: o tom desejado depende do tipo de trabalho que deseja fazer e da quantidade de água e pigmento usado: mais água e menos pigmento, fica aquarelado.

10. Tinta para pintura a dedo:

Material: 
• 1 litro de água; 
• 1 xícara de chá de farinha ou maizena;
• 3 colheres de sopa de vinagre; anilina ou guache (diversas cores) 

Como fazer:

Misture bem a farinha e a água e leve ao fogo baixo, mexendo sempre, até conseguir um mingau uniforme, não muito grosso. 
Deixe esfriar e junte o vinagre. Divida a massa em recipientes e acrescente a anilina ou o guache (uma cor em cada).

Pintura coletiva no plástico bolha. 

11. Tinta de carvão:

Pó de carvão, água e cola.
Pintura com pincel fino no papel de partitura.




12. Tinta de morango:

Morango, água e cola ou apenas o "suco".

Pingar com o conta-gotas muitas vezes o “fundo” de uma sulfite, esperar secar e depois desenhar por cima com caneta preta.

13. Tinta de amido de milho perfumada:

· Guache líquido

· Amido de milho

· Xícara para medir

· Colher e tigela

Misturar uma xícara (240 ml) de guache líquida e uma xícara (125 g) de amido de milho em uma tigela para fazer uma tinta grossa, que grude bem no papel. Acrescentar na tinta extrato de hortelã, canela e baunilha; um cada pote diferente.

Fazer pintura coletiva na talagarça com papel kraft por baixo.

Essas foram algumas das atividades desenvolvidas em meio à tantas possibilidades.

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domingo, 25 de outubro de 2015

LITERATURA INFANTIL: Indicações do mês de outubro.



Autor: Ilan Brenman
Ilustração: Ionit Zilberman
Editora: Brinque-Book


O assunto pum é um dos mais comentados entre as crianças. E que tal falar dele contando uma história? 

O autor Ilan Brenman já fez e faz muito sucesso entre a criançada com os títulos "Até as princesas soltam pum" e "Pai, todos animais soltam pum?" premiados pela Revista Crescer. E agora chega às livrarias o lançamento "O LIVRO SECRETO das princesas que soltam pum", um livro que de imediato desperta a curiosidade. O conteúdo misterioso desvenda um segredo que ninguém nunca parou para pensar e fará o leitor mudar o seu olhar em relação a alguns personagens malvados dos contos de fadas. 

Está curioso? Corra e leia secretamente!


Autor: Felipe Schuery
Ilustração: Clara Gavilan
Editora: Quatro Cantos

Essa é uma história de duas metades que se encontram e se completam, será mesmo? As pessoas são diferentes e tem seu jeito de ser e estar no mundo, e é muito divertido quando encontramos pessoas assim, que enriquecem nossas vivências. 

O livro é premiado pela Revista Crescer e pode contribuir para uma ótima conversa com as crianças na escola ou em casa, pois normalmente elas estranham os colegas que têm gostos muito diferentes dos seus. Essa é uma narrativa em que as diferenças unem ao invés de separar. 

A ilustração é sensível, leve e toda em aquarela. Complementa a narrativa e desperta expressões alegres no rostinho das crianças.  

Confira o vídeo:





Recontado por: Dawn Casey 
Traduzido por: Waldéa Barcellos
Ilustrado por: Anne Wilson
Editora: WMF Martins Fontes


Esse livro me chamou atenção por vários motivos. O primeiro deles é pelo título e por se tratar de contos populares de diferentes culturas, depois pelas cores e alegria que as ilustrações transmitem - parecem em comunhão com os animais, plantas e paisagens; e pela conscientização da importância de preservar o planeta. 

As crianças simplesmente se encantam com as narrativas e as propostas sugeridas após cada leitura: pintura, receita, confecção de brinquedo, cultivo de planta, comedouro de pássaros, construção de cabana e um mini jardim aquático.

Gostam de conferir onde estão localizados os países no mapa-múndi, esperam ansiosamente pelo próximo conto e conversam sobre as descobertas referentes as culturas e da relação com a natureza. 

As histórias tradicionais são transmitidas de geração em geração e cumprem esse papel de explicar fatos sobre a humanidade e sua relação com o mundo. 

Bom encantamento!




Autores e ilustradores: Bertrand Santini e Laurent Gapaillard
Tradução: Joana Angélica D'Avila  Melo
Editora: Pequena Zahar



"Um livro especial, premiado e publicado em diversos países".


Essa é uma obra em capítulos, porém dependendo do leitor pode acontecer em diferentes tempos. São capítulos curtos, portanto perfeitos para crianças que leem a letra de imprensa com autonomia.

Yark é um monstro meio ogro, raro e pouco conhecido. Grande, peludo, dentuço e com asas de morcego. 

Adora crianças, especialmente experimentá-las! Ele aparece no meio da noite e nham! Mas gosta de um tipo específico: mal criadas, medrosas, desobedientes ou será que prefere as ajuizadas?

Como se proteger desse grandão? Será que esse monstro tem alguma fraqueza? 

Leia, aprecie as ilustrações incríveis e divirta-se com as aventuras desse ogro e descubra o que acontece quando ele conhece uma menina chamada Madeleine. 


sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Uma reflexão sobre a mãe, a professora e as necessidades da criança.



Esse texto do Winnicott trouxe questões importantes e centrais para a minha profissão, para essa escolha de trabalhar com as crianças. Na verdade o livro todo vale a leitura.



Um dos aspectos que chamam a reflexão é considerar a família como aliada ao processo da criança na escola. A postura dos educadores em relação às famílias ainda precisa ser muito trabalhada: é comum criticá-las, acreditar que é a professora que sabe o que é bom para as crianças, que normalmente é culpa da família, enfim, situações que dificultam essa relação escola/família e que atrapalham uma parceria com foco no desenvolvimento integral da criança.

O papel da professora, da escola e da mãe está bem claro neste texto. E me parece que a professora deve manter uma postura mais profissional, diferente do que vejo atualmente, entender o seu papel na vida dessa criança, ser parceira dela, estar disponível e estudar, ampliar seus conhecimentos.

Fica claro que (nós educadoras) não somos responsáveis por suprir todas necessidades da criança, não somos substitutas das mães, somente as mães podem desempenhar o papel de mãe: elas têm dentro si a maternagem, o instinto de mãe, não é necessário que saibam tudo antes, mas é necessário que se dediquem ao bebê. Já a professora, precisa sim conhecer sobre o desenvolvimento do bebê e os cuidados para estar com eles.

É necessário considerar que a escola maternal (que atende crianças de 0 a 3 anos) é um espaço onde também é possível ajudar as crianças com questões que não sejam graves: pode-se conseguir recuperar algum fracasso na vida dessa criança, é um lugar que ela necessita dessa assistência materna, de uma continuidade.

A professora precisa de uma boa relação com as mães, manter-se informada sobre a criança, sobre cuidados corporais específicos de cada uma. E todo tipo de cuidado e relação que se estabeleça na escola deve ser de afeto.

Na escola a criança permanece em uma atmosfera diferente do seu lar, nesse espaço há diferentes possibilidades e relações para se construir e a professora precisa compreender sobre os diferentes tipos de brincadeiras e também sobre psicologia. Precisa entender como o bebê se sente, como a mãe se sente ao deixá-lo na escola, os problemas familiares que refletem na criança; precisa entender que é uma parceira da mãe e que a criança percebe esse vínculo, desenvolve confiança na professora e a adaptação pode ser mais tranquila.

O trabalho em equipe, em harmonia e parceria com os demais adultos da escola também se faz extremamente importante na vida de um professor.

Esse texto me trouxe uma reflexão sobre tamanha a responsabilidade e sensibilidade de ser professora da primeiríssima infância.

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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

SIMBAD: uma trilogia fantástica




Recontada e Ilustrada: Ludmila Zeman
Tradução: Ana Maria Machado (1a historia) e 
Beatriz Viégas-Faria (as outras duas)
Editora: PROJETO



Essa trilogia conta com três títulos: Simbad-uma história das mil e uma noites, Simbad na terra dos gigantes, O segredo de Simbad.

A capa dos livros chamam muito a atenção, traz a sensação de uma narrativa cheia de aventura e mistério.

As ilustrações revelam uma cultura bela, expressiva e extremamente rica nos detalhes. Ativa a imaginação e complementa a narrativa.

Os textos são envolventes e despertam a curiosidade para leitura de todos os títulos. São histórias que as crianças não estão acostumadas a  ouvir: trata-se de outra cultura, outros costumes. 

São contadas por Sherazade para escapar da morte: as mil e uma noites são histórias conhecidas mundialmente e podem ser encontradas no folclore das culturas árabe, indiana, persa dentre outras.

É um livro que encanta e as crianças ficam à espera da próxima leitura.


Entregue-se a essa aventura! 

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A avaliação em diálogo com a educação integral: uma perspectiva inovadora.

Entre um dos fundamentos da educação integral, há o reconhecimento de que o processo educativo deve ir além dos conteúdos presentes no currículo tradicional; a vida é entendida como um percurso fluído de aprendizado. Mas se a existência é uma grande escola, por que as outras dimensões da vida do ser humano ainda hoje são excluídas em alguns processos escolares? [1]

Trabalhar com o desenvolvimento das emoções faz parte da concepção de educação integral. Avaliar as habilidades socioemocionais são tão importantes quanto avaliar os aspectos cognitivos. 

Considerando que o período integral (complementar), ainda funciona como um contraturno na maioria das escolas, pode ser interessante priorizar avaliar as habilidades que são a estrutura do ser humano, que formam e dão forma ética, moral e emocional. Sabemos que a prioridade na escola é avaliar o conteúdo trabalhado, então que tal repensar a avaliação e começar com pequenas mudanças?

As competências socioemocionais incluem um conjunto de comportamentos e sentimentos individuais como uma espécie de padrão constante ou tendência de responder de determinada forma em determinados contextos e situações cotidianas, como ao gerenciar as próprias emoções ou tentar atingir um objetivo. Em geral, essas competências podem ser divididas em cinco domínios: Conscienciosidade (expressa em atitudes de responsabilidade, persistência, resiliência e outras), Abertura a novas experiências (presente em comportamentos de curiosidade, criatividade, não ter medo de errar, etc.), Amabilidade (presente em cooperação, por exemplo), Estabilidade emocional (na capacidade de autocontrole e outras) e Extroversão (como sociabilidade). Em todos esses domínios também está presente o chamado Lócus de controle, que é a forma como o indivíduo atribui seu desempenho a si próprio ou a terceiros (incluindo seu autoconceito e motivação, por exemplo). [2]

Como revelam pesquisas científicas nas áreas de psicologia e economia da educação, habilidades socioemocionais são tão importantes quanto as cognitivas (avaliadas por testes de inteligência e conhecimento acadêmico) para a obtenção de bons resultados na escola, e tão ou mais importantes que elas para o sucesso no trabalho e na vida. [3]

Compreende-se, inclusive, que o desenvolvimento intelectual depende das demais dimensões para acontecer na sua plenitude: por exemplo, um corpo limitado na sua expressão ou uma sociabilidade comprometida impactam diretamente nos processos cognitivos. Nesse sentido, a educação integral se concretiza em propostas que integram diferentes tempos, espaços e agentes educativos para além da sala de aula, das disciplinas e do professor. Essas diferentes interações permitem que os estudantes acessem e experimentem linguagens, contextos e ritmos diversificados que permitem o desenvolvimento de capacidades físicas, sociais, afetivas, além das intelectuais. [4]

A partir do brincar, dos jogos, das rodas de conversa e da resolução de conflitos, identificamos as necessidades de trabalhar com o desenvolvimento emocional: a descoberta das diversas reações em relação a determinadas situações, a colaboração, a percepção e valorização do sentimento do outro, o respeito a diversidade e as diferenças. Essas vivências fazem com as crianças internalizem as próprias descobertas e facilita o aprendizado dos conteúdos formais. 

Reconhecer que os seres humanos, seja criança ou adulto, passam pelas mesmas emoções e conflitos, e que receber apoio, acolhimento, paciência e compreensão no momento dessas situações, tranquiliza a criança e forma a singularidade de cada uma delas, impactando diretamente nas suas vidas.

A presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna [5] diz:
Temos um currículo oculto, um conjunto de habilidades importantes sobre as quais não temos consciência, mas que são determinantes no sucesso das crianças. Precisamos desenvolvê-las de maneira sistemática e ordenada no cotidiano escolar para poder usufruir dos benefícios delas.

Avaliar essa competência de lidar com as situações e com as pessoas faz parte de um trabalho diário, construído aos poucos, desenvolvido a partir de vivências lúdicas, embasadas em um currículo que considera as áreas do conhecimento e o desenvolvimento das múltiplas dimensões dos indivíduos (física, intelectual, social, emocional e simbólica), complementa e colabora com o desenvolvimento integral dos alunos, além de ser importante para o desempenho escolar e na vida, favorecendo a construção da autonomia moral, intelectual e de sucesso nas relações.

No período complementar é possível propor um projeto de integração planejado a partir da convivência dos alunos de diferentes idades e quebrar com a estrutura de um professor por sala com x alunos da mesma faixa etária. Contribuindo para que nos diferentes momentos em que estiverem juntos, aprendam a colaborar um com o outro, a respeitar a maneira e o tempo de cada um, a mediar resoluções de conflitos, a atuar de forma participativa, a criar novos espaços de diálogo e também se colocar como mentores e/ou ajudantes. Esse projeto abrange o desenvolvimento das relações interpessoais e intrapessoais, ou seja, com as próprias emoções, sentimentos e com o meio social. Quanto mais a criança conhece a si mesmo, melhor ela pode se relacionar com os outros e controlar suas emoções. Portanto, a formação do professor é essencial, pois as crianças se inspiram em como o adulto lida com as próprias emoções, sendo modelo, referência.

Esse é um assunto que merece muita dedicação e estudo, muitas vezes deixamos de lado e priorizamos a formação por área de conhecimento. Outro aspecto a considerar é que muitas escolas de educação infantil inserem o desenvolvimento moral, emocional e da autonomia em suas avaliações, mas quando as crianças chegam no ensino fundamental I, infelizmente, os conteúdos se tornam o mais importante. Repensar é urgente!

Conheça escolas que trabalham com novas alternativas para educação e inspire-se!



Para saber mais: http://www.porvir.org/especiais/socioemocionais/

                            www.escolastransformadoras.com.br

                            https://www.youtube.com/watch?v=HX6P6P3x1Qg

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1 Fonte: http://educacaointegral.org.br/noticias/trabalhar-emocoes-condicao-para-uma-educacao-integral/

2 Fonte: http://educacaosec21.org.br/iniciativas/competencias-socioemocionais/

3 Fonte: http://educacaosec21.org.br/iniciativas/competencias-socioemocionais/

4 Fonte: http://educacaointegral.org.br/glossario/desenvolvimento-integral/

5 Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/blog/boletim-educacao/2014/03/26/avaliacao-inedita-mede-impacto-das-habilidades-socioemocionais-na-vida-escolar-de-alunos-brasileiros/


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domingo, 30 de agosto de 2015

FAUNA BRASILEIRA PARA CRIANÇAS: indicação WMF Martins Fontes


As ilustrações de Geraldo Valério são pura riqueza! E ainda traz para o mundo infantil a diversidade maravilhosa da nossa fauna brasileira.

Com imagens coloridas e cheias de detalhes, as ilustrações são produzidas com a técnica de colagem sobre papel: cada animal é uma obra de arte!

O índice conta com um animal por letra do alfabeto e a cada página o leitor se depara com informações e curiosidades sobre cada animal. 

Um livro muito interessante para ler com as crianças, aproveitar em um projeto ou mesmo para leitura autônoma de crianças em fase de alfabetização, pois a letra é maiúscula. 

Também acredito que as ilustrações são super inspiradoras para dialogar com uma proposta das crianças criarem seus próprios animais a partir dessa técnica: fazer uma roda de conversa sobre como o artista criou cada uma delas, perguntar o que as crianças acham antes de explicar a técnica, explorar as hipóteses infantis, observar novamente algumas imagens, perceber as formas, a composição e a sobreposição, as cores...

É uma forma lúdica e prazerosa de conhecer bichos e aves do nosso Brasil.
Boa exploração!



Ilustrador: Geraldo Valério
Textos: Humberto Conzo Junior
Editora: WMF Martins Fontes



Imagens retiradas do site: http://www.geraldovalerio.com/abccover.html

sábado, 22 de agosto de 2015

PINTURA MURAL: possibilidades do azulejo com grupo de 5 anos.


"Pintar é libertar-se, e isso é essencial." 
Picasso





A pintura acima foi inspirada na técnica das obras do artista Jackson Pollock.


As pinturas no mural são realizadas em uma parede de azulejo na área externa da escola, para que haja a possibilidade de pintar, lavar e pintar de novo. 

Essa é uma proposta que abre diferentes formas de exploração: pode-se pintar diretamente no mural ou em um suporte colado nele, pintar em pé, agachado, em movimento; pintar com diversos tipos de pincéis, pintar em diferentes formações grupais ou mesmo individual, ter um tema ou ser livre etc. As crianças também aprendem e aprimoram a noção de espaço, de observar suas marcas referentes a suas ações, conhecem novas texturas e materiais.

Para as crianças acima de 4 anos trabalho com as tintas em potinhos e um pincel em cada um deles, orientando-as que o pincel "mora" no potinho e não pode ir para outro ou misturar-se, que eles precisam trocar os potes se quiserem usar outra cor e esperar se outro estiver usando. Pode-se usar copinhos plásticos de requeijão ou reutilizar os próprios potes de guache que acabam, as duas opções são boas porque tem tampa o que facilita não precisar lavar toda vez os recipientes.



Já fiz algumas propostas como: estêncil, pintura com dois suportes separados, pintura com diversos suportes, pintura sem encostar o pincel no azulejo, pintura diretamente no mural, etc.



A pintura acima foi inspirada no processo de criação de arte urbana: o grafite

Essa experiência foi relatada aqui: http://culturainfantilearte.blogspot.com.br/2014/02/o-grafite-das-ruas-na-educacao-infantil.html


A pintura acima foi inspirada na arte do grafite de Carlos Dias.



 A pintura acima foi feita no mural de azulejos e depois exposta no mural da sala.



A pintura acima foi a ambientação do cenário da apresentação do projeto de circo do grupo 4.



A pintura acima foi uma proposta com papel canson A3 e colagem realizada com palito de sorvete.


Utilizava esse espaço uma vez por semana, fiz muitas propostas, mas não salvei todas as fotos. São inúmeras possibilidades.

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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

LITERATURA INFANTIL: indicações do mês de agosto

Autor e Ilustrador: Stephen Davies e Christopher Corr
Tradução: Helena Carone
Editora: Pequena Zahar


Ao observar a capa colorida e rica nos detalhes, a ilustração me lembrou a arte NAIF. São casas, animais, estampas e uma cultura maravilhosa para apreciar e aprender. Com certeza as crianças ficarão encantadas com as ilustrações.

Em um cenário alegre e povoado na Àfrica, uma menina tem o desafio de atravessar um caminho cheio de aventuras para levar um pouco de leite para o pai, mas não pode derramar nem uma gota. Com um final surpreendente, todos envolvidos na leitura vão se divertir!

Talvez o fato do narrador conversar com a personagem, desperte algumas questões ou estranhamento por parte dos pequenos ouvintes.

Boa caminhada!


Autora: Silvana Beraldo Massera
 Ilustradora: Silvia Amstalden
Editora: QUATROCANTOS

O início da história me lembrou as crianças que estão aprendendo a escrever com a letra cursiva, talvez porque vivo esse momento com algumas delas.

Uma linha ativa, com vontade própria, sai por aí passeando, explorando e fazendo descobertas. Assim como as crianças, a emoção, o movimento, a curiosidade, a brincadeira, o descanso, a criatividade, o carinho, colocam a linha em aventuras pelo cotidiano na cidade.

Boa leitura em movimento!




Autor: Antoine de Saint-Exupéry
 Tradução: André Telles e Rodrigo Lacerda
Editora: Zahar

Essa é uma edição especial que homenageia 70 anos da morte de Saint-Exupéry. O escritor francês foi aviador e também produziu outras obras.

O pequeno príncipe é um livro reconhecido mundialmente, conquista de crianças a adultos. Com a narrativa cheia de sutilezas e um olhar singular, curioso e contemporâneo, seus trechos são reproduzidos para encantar e representar pensamentos dos apaixonados pela obra e conquistar novos adeptos.

Receber esse livro foi um presente maravilhoso, segurá-lo e folheá-lo foi emocionante: imediatamente levou-me para um outro mundo, cheio de fantasia, de questionamento e de aprendizagem. 

Se você já leu, mesmo assim, confira essa edição. A cada leitura um novo olhar!


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O semanário como instrumento reflexivo do professor

    O cotidiano na escola é complexo e desafiador. Estabelecer uma rotina e lidar com ela podem ser tarefas bastante exigentes para os educadores, que se veem às voltas com dúvidas e dilemas. A definição das atividades, o tempo, o espaço, o registro, a avaliação, são alguns aspectos que devem ser levados em consideração neste contexto, mas nem sempre há muita clareza de como abordá-los e em que momentos abordá-los.[1]

O planejamento semanal, o qual chamo de semanário, prevê o que e como promover as aprendizagens, os objetivos e as propostas com flexibilidade, de forma com que as crianças realmente aprendam e seja uma aprendizagem significativa. Também tem o papel de tornar o trabalho organizado, colaborar com a gestão do cotidiano na sala de aula e a distribuição das áreas de conhecimento na rotina.

O semanário colabora com a preparação dos recursos necessários e ajuda a visualizar as possibilidades; organiza o tempo e o espaço, além de prever os momentos de observação e registros, seja fotográfico ou escrito.

Essa organização da ação educativa é uma prévia ao ensino, permitindo tornar consciente para o professor toda a intencionalidade de cada proposta. É preciso clareza em relação ao que se deseja que as crianças aprendam. Esse planejar supõe um exercício de reflexão, de conseguir antecipar as dificuldades de cada criança, considerando a diversidade entre elas, e fazer as mediações e intervenções necessárias, adaptando-se as necessidades de cada uma. Segundo as autoras BASSEDAS, HUGUET E SOLÉ (1999, p. 113) o planejamento implica “uma reflexão sobre o que se pretende, sobre como se faz e como se avalia”.

Os aspectos organizacionais e de planejamento são essenciais para garantir um trabalho de qualidade. Essas tomadas de decisões são importantes para saber o que se sucederá em sala de aula, são questões dinâmicas que nos proporciona reavaliar a prática a partir dos tempos, espaços, materiais, propostas e encaminhamentos do que tem acertado ou errado.

O planejamento é antecipação do que será posto em sala de aula, considerando que podem acontecer situações inusitadas e como o professor pode aproveitar esse fato interessante que se colocou.

Se o objetivo do planejamento é garantir o desenvolvimento das capacidades das crianças baseado em conteúdos que fazem parte de um documento curricular, é indispensável fazê-lo e garantir a coerência entre o que se pretende e o que de fato se sucede (BASSEDAS, HUGUET E SOLÉ, 1999, p. 113).

Esse planejamento semanal é uma estratégia, um recurso, uma ferramenta do professor para elaborar suas aulas com flexibilidade em relação a possibilidades de escolhas que podem afetar o que havia sido planejado e tudo bem. Algumas situações inusitadas aparecem e é possível aproveitar aquele momento ou inserir no próximo planejamento.

A gestão de sala de aula é fundamental para que o professor dê conta de colocar em prática o que planejou, ter a capacidade de se antecipar e lidar com imprevistos: falta de tempo, aluno atrasado, conflitos, falta de compreensão etc. Segundo Rosaura Soligo em uma reportagem na revista Nova Escola “Ter uma boa gestão da sala de aula ajuda a contornar problemas desse tipo. O professor tem de dar conta do previsto, lidar com o inesperado e administrar a rotina para que todos aprendam”. [2]

Não é uma tarefa simples. Exige do professor organização, dedicação, estudo, registro, troca com a equipe pedagógica e reflexão; exige a consciência da importância dessa tarefa e assim a partir da experiência de sua própria prática e da capacidade de se antecipar, esse fazer se torna cada vez mais aprimorado.

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[1] Pátio Educação Infantil – Desafios do cotidiano pedagógico – Ano II No 4 – Abril/Julho 2004.
[2] Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/gestao-sala-aula-voce-seguro-classe-713785.shtml