quarta-feira, 8 de agosto de 2018

LITERATURA INFANTIL: indicações BrinqueBook

Texto e Ilustração: Nick Bland
Tradução: Gilda de Aquino

Uma história bem atual: o uso de celular para se relacionar com o outro. O que vale a pena, os amigos presentes no seu cotidiano ou os amigos virtuais?

A galinha vivia feliz em uma fazenda, tinha muitos amigos, era querida e prestativa. Até que um dia foi atraída por uma luz no celeiro e se encantou pela fabulosa máquina de fazer amigos, só pensava nisso. Mas será que esses novos amigos são realmente amigos?

A capa tem o título e parte da imagem em relevo. As ilustrações são grandes, ocupam toda a página. Divertidas e expressivas, dão vida a narrativa.

Boa reflexão!

Texto e Ilustração: André Neves 

Amanhece um lindo dia, uma ótima oportunidade de encontrar a alegria! Mila e Manu começam a busca e se desafiam.
Mila procura nos lugares mais improváveis, nos cantinhos e esconderijos da natureza. Manu acha que a alegria está em grandes lugares. Eles se encontram, conversam, discordam, concordam e continuam a busca, mas será que a alegria está nas pequenas ou nas grandes coisas?
É o que eles estão procurando! E você onde acha que a a alegria está escondida?

As ilustrações são delicadas e muito encantadoras! Nos envolve mais ainda com o texto com toda sua beleza.

Boa busca!

Texto e Ilustração: Maté

Uma coletânea de 13 poemas com palavras Tupi, com certeza você pronuncia algumas delas e nem sabe. No final do livro há um glossário e um texto sobre a língua Tupi.

O texto é leve e divertido, trata das palavras no seu contexto histórico-cultural e faz brincadeiras com os animais, cheio de imaginação. Adorei saber de algumas informações como da Estação Tatuapé (eu moro nesse bairro!) e da Avenida Jaguaré.

As ilustrações parecem ser com a técnica de aquarela, uma riqueza de cores e detalhes, além de grafismos indígenas em sua composição.

Boa descoberta!

Texto: Julia Donaldson
Ilustração: Axel Scheffler
Tradução: Gilda de Aquino

Olhe bem para a capa, as ilustrações te lembram alguma outra história? Sim, o Grúfalo! Aproveite e se tiver o livros em mãos, observe as texturas na capa.

O Gigante mais elegante da cidade, é isso que Jorge deseja se tornar, mas ao encontrar com alguns animais no caminho algo acontecerá. 

O texto revela uma história com repetição e acumulação, contribuindo para memorização do texto por parte das crianças, assim elas podem contar histórias mesmo antes de saber ler ou mesmo antecipar as falas ao realizarmos a leitura.

As ilustrações são muito divertidas, repare bem em todos os detalhes. A cada página se configuram de modo diferente, ocupando toda a folha, parte dela ou mesmo em pequenos fragmentos. Atraem bastante o olhar infantil.

Boa diversão!

sábado, 4 de agosto de 2018

Palavra de Marcela Chanan: os bebês e as interações na escola*








Agosto está chegando e a escola volta a trabalhar no ritmo do acolhimento e de um processo de “mini-adaptação”. Geralmente nos meses de julho, os pequenos voltam a passar um tempo prolongado com as famílias e, no final das férias, deixar o colo da mamãe não é tarefa fácil para ninguém! Conversamos com a pedagoga e especialista em Educação de 0 a 3 anos, Marcela Chanan, também autora do blog Cultura Infantil, para fazer uma série de postagens, inspiradas em Winnicott, que retoma as questões que cercam o momento delicado da adaptação, tão constituinte das relações da criança no ambiente escolar. Esta é a primeira parte.






Tempo de Creche – Como você vê a escola na constituição da identidade do bebê?

Marcela – O bebê existe a partir da relação com o outro, a mãe ou quem exercer essa função. Donald Winnicott (1896-1971), pediatra e psicanalista inglês, fez várias contribuições para a psicanálise, dentre elas, a concepção teórica que enfatiza a importância das relações do bebê e da criança pequena com o ambiente.

O adulto cuidador é o ambiente facilitador que forma a constituição do eu na criança, seu desenvolvimento emocional e amadurecimento. Pensando no espaço escolar, é preciso considerar que bebês começam a frequentar a creche ainda muito pequenos e, geralmente, em período integral. Então na escola, o educador é o ambiente facilitador que tem papel central no desenvolvimento infantil.

Tempo de Creche – Na escola os professores podem assumir um papel fundamental na construção da identidade dos bebês?

Marcela – Sim. Como disse anteriormente, na escola, o educador é o ambiente suficientemente bom (leia sobre esse conceito no final da postagem). Ou seja, ele é um adulto sensível, que está atento às necessidades da criança e se dedica aos seus gestos e ações. Mas tudo na medida certa! É comum e esperado que pequenas falhas (não negligências!) aconteçam para que o bebê se desenvolva normalmente, num percurso que parte da dependência e ruma à independência.

Assim como em casa, na escola essas falhas acontecem naturalmente, pois o educador trabalha com um grupo de crianças e se adapta à sua diversidade. A falha saudável é aquela em que, por exemplo, o bebê precisa esperar um pouco para receber o que deseja, mas não deixa de receber. Essa falha faz parte do processo de desenvolvimento emocional.

Tempo de Creche – Como os professores devem construir relações com os grupos de bebês?

Marcela – O bebê precisa de um adulto referência para estabelecer um vínculo de confiança. Um ou dois adultos, que podem ser o professor e o auxiliar, devem desenvolver uma rotina que promova constância e previsibilidade ao bebê e à criança pequena.

Um bom educador-ambiente investe numa relação com o bebê em que se mantém presente por inteiro. Abre mão das suas vontades, pré-conceitos e idealizações, se identifica com as crianças, procurando observá-las, escutá-las, sem imposição e rigidez. É um adulto que tem empatia pelas crianças e desenvolve um vínculo afetivo decisivo para o desenvolvimento saudável dos pequenos.

Tempo de Creche – Pode falar um pouco sobre os cuidados com bebês no ambiente da escola?

Marcela – Crianças pequenas são vulneráveis e deve-se zelar por sua tranquilidade, bem-estar e segurança, esta última num sentindo mais amplo, sem superproteção. As experiências sensoriais dos bebês acontecem no corpo todo e vão formando o seu psiquismo. Tudo é novidade e a consciência corporal está em construção. Nesse sentido, a forma de segurar o bebê é um exemplo muito importante de cuidado.

Para Winnicott, todo o acolhimento, proteção e sustento físico e psíquico se chama Holding (leia sobre esse conceito no final da postagem). A rotina dos cuidados corporais, como a troca de fraldas, banho, alimentação, chama-se Handling (leia sobre esse conceito no final da postagem). Como já dissemos, a criança vai aprendendo e se percebendo a partir do outro e o diálogo, por exemplo, enriquece essa interação.




Tempo de Creche – Pensando especificamente na chegada à escola, quais questões estão implicadas nesse processo? Os ambientes da família e da escola se complementam?

Marcela – A partir das experiências com a mãe, o bebê se sente seguro para outras relações, para poder receber o cuidado de um outro adulto e desenvolver confiança no novo ambiente. Por isso, quando a criança chega à escola pela primeira vez, é importante que o educador pergunte à mãe sobre as especificidades dos cuidados corporais, os hábitos e costumes.

Um ambiente com condição favorável considera o âmbito físico e psicológico. É como se ele fosse um outro cuidador. É um ambiente saudável, que atende e respeita as necessidades do bebê e da criança pequena, onde possam viver e ser acolhidos nas suas alegrias e nos seus momentos de agressividade, raiva. Que possam desfrutar de momentos de cuidados privilegiados, do brincar livre, de ser chamados pelo próprio nome e reconhecidos por suas preferências, sentindo-se únicos.




Tempo de Creche – Pode explicar alguns dos conceitos de Winnicott – mãe (cuidador) suficientemente boa; falhas; holding e handling?

Marcela – Uma mãe suficientemente boa, na visão do psicanalista, não é uma mãe perfeita, mas suficiente, devota aos cuidados do filho. A mãe-ambiente se adapta ativamente às necessidades do bebê, reagindo aos seus gestos e expressões.

A falha da mãe suficientemente boa permite que o bebê constitua o seu “eu” (self), impulsionando o desenvolvimento emocional. Por exemplo, a mãe atrasa uma mamada aos poucos, o bebê chora e acaba por receber seu alimento. De modo inverso, quando o cuidador-ambiente, seja em casa ou na escola, oferece o alimento antes mesmo do bebê comunicar a fome, não dá espaço para o bebê ser ele mesmo e requisitar suas necessidades. Quando os gestos do bebê não são considerados, é como se ele precisasse se defender criando um falso “eu” (falso self), que se submete ao que vem do externo.

A vida de um indivíduo saudável é caracterizada por medos, sentimentos, conflitos, dúvidas, frustrações, tanto quanto por características positivas. O principal é que o homem ou a mulher sintam que estão vivendo sua própria vida, assumindo responsabilidade pela ação ou pela inatividade, e sejam capazes de assumir os aplausos pelo sucesso ou as censuras pelas falas.
(Donald Woods Winnicott. Tudo começa em casa. São Paulo: Martins Fontes, 1999)

O Holding é a sustentação do bebê que satisfaz a sua dependência absoluta. É a forma como se segura e toca o bebê, acalenta e acolhe, levando em conta sua fragilidade e proporcionando apoio e firmeza, a fim de transmitir segurança e confiança. Com a continuidade desse cuidado o bebê vai se formando e amadurecendo.

O Handling é a forma como o bebê é manipulado nos momentos de cuidado corporal, que o faz sentir as diferentes partes do próprio corpo por meio do toque das mãos do cuidador. Esse cuidado propicia, processualmente, a consciência corporal.