terça-feira, 27 de outubro de 2015

DESCOBRINDO TINTAS

“O vermelho vivo atrai e irrita o olhar, como chama que o homem contempla irresistivelmente. O amarelo limão berrante, depois de um certo tempo, fere o olho, com o som agudo de um clarim perfura os tímpanos . O olho pisca, não consegue suportar e vai mergulhar nas calmas profundezas do azul ou do verde”. Kandinsky




Descobrir diferentes tintas pode ser um trabalho desenvolvido com crianças de diversas faixas etárias. Possibilitar a exploração, a manipulação,  as formas de preparar as tintas, conhecer os elementos naturais, as texturas, os cheiros e suas características; favorece o desenvolvimento sensorial, da percepção e estimula a criatividade. Dependendo do objetivo é possível integrar o trabalho com as áreas do conhecimento e ampliar os saberes sobre a natureza, os povos etc.

Um relato de trabalho com o Grupo 4...

Nessa proposta as crianças tiveram a oportunidade de preparar as próprias tintas, conhecer um pouco da história dos pigmentos, utilizar as misturas preparadas para fazer pinturas e desenhos, explorar novos materiais, instrumentos e suportes, além de participar de apreciações.

As crianças conhecem uma limitada quantidade de tintas que podem ser utilizadas para pintura em suas produções, normalmente, pelo uso na escola conhecem a guache, a anilina e a aquarela. 

Com o preparo de tintas caseiras e naturais, elas puderam fazer relações e ampliar o conhecimento que já possuíam. Foi possível construir novas ideias, manipular, explorar e descobrir possibilidades como: alterar a textura da tinta e utilizar elementos da natureza para prepará-las.

Objetivos
  • ampliar o conhecimento de mundo (manipular diferentes objetos e materiais, explorar suas características, propriedades e possibilidades de manuseio, além de entrar em contato com formas diversas de expressão artística);
  • utilizar diversos materiais gráficos e plásticos sobre diferentes superfícies para ampliar suas possibilidades de expressão e comunicação;
  • conhecer novas tintas naturais e industrializadas;
  • explorar e aprofundar as possibilidades oferecidas pelos diversos materiais, instrumentos e suportes.

Algumas ideias de atividades:

1. Roda de conversa: Do que são feitas as tintas? Vocês já pintaram com alguma tinta diferente? Como poderíamos preparar uma tinta? 

Você sabia? Contar um pouco sobre o uso das tintas naturais antigamente. E que há diferenças entre a tinta feita na fábrica e estas que preparamos em casa ou na escola.

Colorir areia com anilina e produzir um desenho com cola.


2. Tinta de beterraba:

Preparar um "suco de beterraba" com o grupo e usar para pintar com pincel o “fundo” de uma cartolina de um determinado tamanho, esperar secar e depois desenhar por cima com caneta preta.


 3. Tinta com terra:

Misturar terra do jardim, água e cola.

Fazer uma pintura no canson.



4. Tinta com café:

Fazer café com água quente e pó, coar com coador de pano com o grupo.

Pintar com algodão preso em um palito o “fundo” de um papel branco de um determinado tamanho, esperar secar e depois desenhar por cima com caneta preta.





5. Tinta de urucum (índios):

Apreciar pinturas indígenas (padronagem) – depois de pronta a tinta, produzir uma pintura no corpo de um colega (braços, pernas etc).

Água, urucum e pilão. Socar a semente.

Para usar – Uma criança pinta a outra, assim como os índios (pintura corporal)

6. Nanquim

Usar nanquim preto e/ou colorido e fazer uma pintura com palito de churrasco e/ou cotonete como pincel.





7. Variações de tinta guache para exploração:


Relevo- acrescentar farinha a tinta guache.


Aquarela- acrescentar água a guache.

Áspera- acrescentar areia a guache.

Gelatinosa - acrescentar sagu




8. Tinta de espinafre:

Bater a água e o espinafre no liquidificador, depois coar.

Pintar com esponjas o “fundo” de uma cartolina de um determinado tamanho, esperar secar e depois desenhar por cima com caneta preta.





9. Tinta Têmpera (Volpi):

Apreciar obras de artistas que trabalhavam com essa tinta e contar sobre o preparo da mesma. Preparar junto com as crianças e depois produzir uma pintura no papel. 
Ovo - uma gema por criança
Pigmento 
Água 
Vinagre 

Separar a clara da gema e em seguida, com todo cuidado, retirar a película que envolve a gema; acrescentar a água, duas gotinhas de óleo de cravo (ou o vinagre) e mexa com uma colher.
Você pode separar essa base em potinhos e em cada um acrescentar o pigmento da cor desejada.

OBS: o tom desejado depende do tipo de trabalho que deseja fazer e da quantidade de água e pigmento usado: mais água e menos pigmento, fica aquarelado.

10. Tinta para pintura a dedo:

Material: 
• 1 litro de água; 
• 1 xícara de chá de farinha ou maizena;
• 3 colheres de sopa de vinagre; anilina ou guache (diversas cores) 

Como fazer:

Misture bem a farinha e a água e leve ao fogo baixo, mexendo sempre, até conseguir um mingau uniforme, não muito grosso. 
Deixe esfriar e junte o vinagre. Divida a massa em recipientes e acrescente a anilina ou o guache (uma cor em cada).

Pintura coletiva no plástico bolha. 

11. Tinta de carvão:

Pó de carvão, água e cola.
Pintura com pincel fino no papel de partitura.




12. Tinta de morango:

Morango, água e cola ou apenas o "suco".

Pingar com o conta-gotas muitas vezes o “fundo” de uma sulfite, esperar secar e depois desenhar por cima com caneta preta.

13. Tinta de amido de milho perfumada:

· Guache líquido

· Amido de milho

· Xícara para medir

· Colher e tigela

Misturar uma xícara (240 ml) de guache líquida e uma xícara (125 g) de amido de milho em uma tigela para fazer uma tinta grossa, que grude bem no papel. Acrescentar na tinta extrato de hortelã, canela e baunilha; um cada pote diferente.

Fazer pintura coletiva na talagarça com papel kraft por baixo.

Essas foram algumas das atividades desenvolvidas em meio à tantas possibilidades.

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*Todos os direitos autorais das imagens e texto reservados para Marcela Chanan. É proibida sua cópia sem autorização prévia. O compartilhamento da publicação na íntegra diretamente do blog (link e via redes sociais) é livre.

domingo, 25 de outubro de 2015

LITERATURA INFANTIL: Indicações do mês de outubro.



Autor: Ilan Brenman
Ilustração: Ionit Zilberman
Editora: Brinque-Book


O assunto pum é um dos mais comentados entre as crianças. E que tal falar dele contando uma história? 

O autor Ilan Brenman já fez e faz muito sucesso entre a criançada com os títulos "Até as princesas soltam pum" e "Pai, todos animais soltam pum?" premiados pela Revista Crescer. E agora chega às livrarias o lançamento "O LIVRO SECRETO das princesas que soltam pum", um livro que de imediato desperta a curiosidade. O conteúdo misterioso desvenda um segredo que ninguém nunca parou para pensar e fará o leitor mudar o seu olhar em relação a alguns personagens malvados dos contos de fadas. 

Está curioso? Corra e leia secretamente!


Autor: Felipe Schuery
Ilustração: Clara Gavilan
Editora: Quatro Cantos

Essa é uma história de duas metades que se encontram e se completam, será mesmo? As pessoas são diferentes e tem seu jeito de ser e estar no mundo, e é muito divertido quando encontramos pessoas assim, que enriquecem nossas vivências. 

O livro é premiado pela Revista Crescer e pode contribuir para uma ótima conversa com as crianças na escola ou em casa, pois normalmente elas estranham os colegas que têm gostos muito diferentes dos seus. Essa é uma narrativa em que as diferenças unem ao invés de separar. 

A ilustração é sensível, leve e toda em aquarela. Complementa a narrativa e desperta expressões alegres no rostinho das crianças.  

Confira o vídeo:





Recontado por: Dawn Casey 
Traduzido por: Waldéa Barcellos
Ilustrado por: Anne Wilson
Editora: WMF Martins Fontes


Esse livro me chamou atenção por vários motivos. O primeiro deles é pelo título e por se tratar de contos populares de diferentes culturas, depois pelas cores e alegria que as ilustrações transmitem - parecem em comunhão com os animais, plantas e paisagens; e pela conscientização da importância de preservar o planeta. 

As crianças simplesmente se encantam com as narrativas e as propostas sugeridas após cada leitura: pintura, receita, confecção de brinquedo, cultivo de planta, comedouro de pássaros, construção de cabana e um mini jardim aquático.

Gostam de conferir onde estão localizados os países no mapa-múndi, esperam ansiosamente pelo próximo conto e conversam sobre as descobertas referentes as culturas e da relação com a natureza. 

As histórias tradicionais são transmitidas de geração em geração e cumprem esse papel de explicar fatos sobre a humanidade e sua relação com o mundo. 

Bom encantamento!




Autores e ilustradores: Bertrand Santini e Laurent Gapaillard
Tradução: Joana Angélica D'Avila  Melo
Editora: Pequena Zahar



"Um livro especial, premiado e publicado em diversos países".


Essa é uma obra em capítulos, porém dependendo do leitor pode acontecer em diferentes tempos. São capítulos curtos, portanto perfeitos para crianças que leem a letra de imprensa com autonomia.

Yark é um monstro meio ogro, raro e pouco conhecido. Grande, peludo, dentuço e com asas de morcego. 

Adora crianças, especialmente experimentá-las! Ele aparece no meio da noite e nham! Mas gosta de um tipo específico: mal criadas, medrosas, desobedientes ou será que prefere as ajuizadas?

Como se proteger desse grandão? Será que esse monstro tem alguma fraqueza? 

Leia, aprecie as ilustrações incríveis e divirta-se com as aventuras desse ogro e descubra o que acontece quando ele conhece uma menina chamada Madeleine. 


sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Uma reflexão sobre a mãe, a professora e as necessidades da criança.



Esse texto do Winnicott trouxe questões importantes e centrais para a minha profissão, para essa escolha de trabalhar com as crianças. Na verdade o livro todo vale a leitura.



Um dos aspectos que chamam a reflexão é considerar a família como aliada ao processo da criança na escola. A postura dos educadores em relação às famílias ainda precisa ser muito trabalhada: é comum criticá-las, acreditar que é a professora que sabe o que é bom para as crianças, que normalmente é culpa da família, enfim, situações que dificultam essa relação escola/família e que atrapalham uma parceria com foco no desenvolvimento integral da criança.

O papel da professora, da escola e da mãe está bem claro neste texto. E me parece que a professora deve manter uma postura mais profissional, diferente do que vejo atualmente, entender o seu papel na vida dessa criança, ser parceira dela, estar disponível e estudar, ampliar seus conhecimentos.

Fica claro que (nós educadoras) não somos responsáveis por suprir todas necessidades da criança, não somos substitutas das mães, somente as mães podem desempenhar o papel de mãe: elas têm dentro si a maternagem, o instinto de mãe, não é necessário que saibam tudo antes, mas é necessário que se dediquem ao bebê. Já a professora, precisa sim conhecer sobre o desenvolvimento do bebê e os cuidados para estar com eles.

É necessário considerar que a escola maternal (que atende crianças de 0 a 3 anos) é um espaço onde também é possível ajudar as crianças com questões que não sejam graves: pode-se conseguir recuperar algum fracasso na vida dessa criança, é um lugar que ela necessita dessa assistência materna, de uma continuidade.

A professora precisa de uma boa relação com as mães, manter-se informada sobre a criança, sobre cuidados corporais específicos de cada uma. E todo tipo de cuidado e relação que se estabeleça na escola deve ser de afeto.

Na escola a criança permanece em uma atmosfera diferente do seu lar, nesse espaço há diferentes possibilidades e relações para se construir e a professora precisa compreender sobre os diferentes tipos de brincadeiras e também sobre psicologia. Precisa entender como o bebê se sente, como a mãe se sente ao deixá-lo na escola, os problemas familiares que refletem na criança; precisa entender que é uma parceira da mãe e que a criança percebe esse vínculo, desenvolve confiança na professora e a adaptação pode ser mais tranquila.

O trabalho em equipe, em harmonia e parceria com os demais adultos da escola também se faz extremamente importante na vida de um professor.

Esse texto me trouxe uma reflexão sobre tamanha a responsabilidade e sensibilidade de ser professora da primeiríssima infância.

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