Por esse motivo refleti sobre a
necessidade e a oportunidade de se trabalhar com a Cultura Popular Brasileira em
um período mais amplo, aproveitando os conhecimentos que aprendi na formação
de professores do Instituto Brincante.
Escrevi um projeto com 2 meses de duração, comecei a colocar em prática e complementá-lo a cada nova ideia, pesquisa e/ou apontamentos das crianças. Priorizei mantê-lo 3x por semana.
Escrevi um projeto com 2 meses de duração, comecei a colocar em prática e complementá-lo a cada nova ideia, pesquisa e/ou apontamentos das crianças. Priorizei mantê-lo 3x por semana.
Como era professora
de duas salas de 1º ano (matutino e vespertino) proporcionei as vivências nos dois períodos: no
1º B com 18 crianças e no 1º D com 20 crianças, sendo que uma das crianças tinha necessidades especiais, mas
não foi necessário grandes adaptações.
Retomando aos festejos, todo mês de junho lembramo-nos dos quitutes de Festa Junina, da alegria dessa celebração e também dos trajes especiais para essa data, porém, esquecemos de nos perguntar:
Qual o significado dessa festa? Quais são suas origens? Quais são as comidas e as danças típicas? E na escola, o que as crianças aprendem sobre os festejos? A escola contribui para aprendizagem das crianças ou só comemoram esta data?
Retomei por alguns instantes quais eram minhas lembranças das Festas Juninas que vivenciei: Em que lugares elas aconteciam? Como eram as brincadeiras? Tinha fogueira? Balão? Bombril com fogo? Quais danças? . Depois de pensar em todas estas questões, voltei para atualidade e me perguntei: Qual a ideia que as crianças têm sobre a Festa Junina? Qual o contato real delas com essa celebração? Será que seria se vestir de caipira e gastar dinheiro com brincadeiras para ganhar as prendas?
Então acreditei ser uma ótima oportunidade para que os pequenos conhecerem as origens da festa e sua história, começando por perguntar o que sabiam sobre a festança - conhecimentos prévios.
As crianças de seis anos, já têm condições de compreender parte da origem dessa festa - como as influências de outras culturas e parte de sua simbologia. E para que possam iniciar a reflexão sobre essa festança e suas transformações, ter contato com diferentes manifestações e perceberem a riqueza de capricho, semelhanças e diferenças entre os costumes das regiões; o Projeto oportunizou refletir sobre a diversidade das manifestações, percebendo semelhanças e diferenças regionais.
As crianças puderam vivenciar boa parte dessas manifestações, conhecer as características da festa junina valorizando e incentivando o trabalho cooperativo, levando-os a conhecer os costumes e as tradições.
A descrição das etapas de desenvolvimento do projeto é a forma mais clara para compartilhar o caminho deste estudo.
Primeiramente, compartilhei com as crianças que iniciaríamos um projeto em
que estudaríamos sobre a Festa Junina, a partir da lista que fizemos na primeira
roda de conversa e que iríamos conhecer diversas
manifestações. Contei à elas que essa era uma festa tradicional do Brasil e se
mostraram surpresas em ser evento tão especial.
Primeiro, quis saber o que eles sabiam (conhecimentos prévios) e depois deixamos
a lista no mural para confirmarmos as hipóteses e acrescentar ou excluir
elementos.
Após apresentar o projeto, retomei a lista do mural e em roda destrinchamos
alguns elementos que listamos anteriormente, por exemplo, no item DANÇAS
perguntei "Quais vocês conhecem?" E assim, item por item (Músicas, brincadeiras,
comidas, instrumentos, trajes etc).
Feito isso, o objetivo agora era registrar por meio do desenho o que já
sabiam sobre a festa ou que mais gostavam. Para uma turma ofereci folha de sulfite A4 e bandeirinhas recortadas de papel lumipaper
e para outra deixei que os pequenos recortassem as bandeirinhas de papel
color set. Os grupos produziram desenhos cheios de saberes: registros de
danças, brincadeiras e vestimentas.
O próximo passo, foi iniciar a leitura do livro Bandeira de São João do autor Ronaldo Britto e Assis Lima. Apresentei o livro, contei que não era uma narrativa e sim uma peça teatral, então a organização e como se conta seria de um jeito diferente. E para cada personagem projetei uma voz diferente, foram 15 cenas lidas em 3 aulas, os grupos gostaram muito da contação e da história que foram descobrindo.
Na etapa seguinte, fomos ao auditório apreciar obras de arte NAIF - selecionadas no google. Contei
a eles que esse tipo de arte é feita por pessoas comuns (sem cursos ou técnicas aprendidas em escolas) que pintam e seguem um
tema (manifestações populares), um estilo (muitas cores e elementos, contorno
etc). Quando mostrei a primeira imagem eles reagiram com surpresa, acharam
muito bonito, cheio de informações e detalhes.
Observaram cerca de 6 obras e tirei algumas dúvidas sobre elementos que apareciam e não sabiam o que era, por exemplo, a brincadeira de pau de sebo. Terminada a apreciação perguntei: Quais elementos novos vocês estão reconhecendo como de festa junina observando essas obras? Retornei as imagens e fui passando uma a uma para me responderem: igreja, balão, fogueira, bois, fogos de artifício etc.
Observaram cerca de 6 obras e tirei algumas dúvidas sobre elementos que apareciam e não sabiam o que era, por exemplo, a brincadeira de pau de sebo. Terminada a apreciação perguntei: Quais elementos novos vocês estão reconhecendo como de festa junina observando essas obras? Retornei as imagens e fui passando uma a uma para me responderem: igreja, balão, fogueira, bois, fogos de artifício etc.
Em outro dia,
realizamos uma leitura compartilhada de um texto organizado por mim sobre a
origem da festa e tradições. Com este texto em mãos pudemos conversar sobre a
origem, o porque da celebração, as diferentes manifestações pelo país, as
tradições e os costumes. Foi gostoso vê-los interessados, questionando,
refletindo e criando ideias sobre o assunto. Acredito que ficaram mais
próximos do sentido dessa festa, pois o texto foi bem esclarecedor. Um dos
assuntos que trouxe curiosidade foi: "então o que exatamente são as comidas
típicas?" E com este texto pudemos conhecer um pouco mais.
Como essa leitura também tinha deixado certa curiosidade sobre as
danças, na próxima semana, convidei-os a assistir alguns vídeos no auditório.
Na primeira vez, assistimos a lenda do Bumba-meu-Boi, uma reportagem sobre
Festas Juninas e a dança da Carambola – filmada no ano anterior - que eles
ensaiariam para se apresentar na festa da escola. Na segunda vez, assistimos uma
apresentação de Baião, Dança de Fitas (RS) e Quadrilha. É impressionante o
quanto elas gostaram, mantiveram-se atentas,
participativas e questionadoras.
Uma criança me perguntou o que era cultura e fizemos uma roda para discutir. Algumas crianças quiseram falar o que era: canal de TV, livraria, música e artes. Depois, contei que cultura era o conhecimento (todos os hábitos, os costumes, celebrações etc ) que o povo inventa e vai passando de geração em geração, tem a ver também com o passado do nosso país, com a história do nosso povo. Na leitura compartilhada sobre as origens da festa conversamos um pouco sobre quem eram os europeus, os indígenas e os africanos.
Uma criança me perguntou o que era cultura e fizemos uma roda para discutir. Algumas crianças quiseram falar o que era: canal de TV, livraria, música e artes. Depois, contei que cultura era o conhecimento (todos os hábitos, os costumes, celebrações etc ) que o povo inventa e vai passando de geração em geração, tem a ver também com o passado do nosso país, com a história do nosso povo. Na leitura compartilhada sobre as origens da festa conversamos um pouco sobre quem eram os europeus, os indígenas e os africanos.
Aproveitei e
comuniquei as crianças que durante alguns momentos da rotina ouviriam cds com
ritmos presentes na Festa Junina ( CD Recreio, Forró para crianças, Luiz
Gonzaga e outros). Foi encantador
ver como as crianças se interessavam em ouvir, cantar e se divertir com as
músicas.
A etapa seguinte, foi
contar que no Nordeste faz parte da cultura do povo aproveitarem sucata, elementos naturais e
objetos do cotidiano para criar brinquedos, além de materiais como papel crepon
e seda. E que eu tinha aprendido no curso que faço, construir um Bumba-meu-Boi
com caixa de papelão, caixa de leite e de suco.
Assim, construí o boi com as crianças em roda, mostrando passo-a-passo e contei
que depois que o enfeitarmos, o utilizaríamos para brincar de pega-pega. Essa
construção durou mais 3 etapas: pintá-lo todo de preto, decorá-lo com tinta de
várias cores e depois prender o rabo e a saia de tecido chita.
As crianças participaram com muito ânimo, em grupos pequenos cada um ajudou de uma forma, todos participaram, ansiosos para o dia do boi ficar pronto e poderem brincar. Quando esse dia chegou, a alegria tomou conta desses pequenos e aproveitamos para organizar o pega-pega com passos da dança. Pura diversão!
Retomei em roda, que iriamos descobrir mais informações sobre o Bumba-meu-Boi, lendo um trecho do livro Festas e Tradições da autora Nereide S Santa Rosa, que falava sobre os outros nomes que o boi ganhou ao espalhar-se pelo país: Boi Barroso (RS), Boi-de-Mamão (SC), Caprichoso e Garantido (AM) e Boi-Bumbá (PE).
A descoberta ganhou suspiros, pois quando as crianças aprendem uma coisa, elas se apegam aquele jeito como se não existisse outro, e quando li sobre a existência desses bois, rompi a ideia de que só havia um tipo. E é perceptível o quanto é agradável, perceberem que não é sempre que há uma única forma.
Em uma próxima etapa,
apresentei o Boi-Bumbá que eu tinha em casa de cerâmica e contei que iríamos modelar um também, mas não era
para ser igual aquele, era só um "modelo", e que depois enfeitaríamos de outro
jeito para ficar bem especial do jeito de cada um. Apreciamos diversas imagens de "bois juninos" da internet.
Separei um pedaço de argila
para cada um e antes deles começarem, modelei o meu em roda e dei dicas para
dar certo: puxar o pescoço direto do corpo, o chifre ser um pouco grosso e não
ter emendas porque depois que seca desgruda. Todos puderam contar com minha
ajuda e da auxiliar de classe.
A modelagem passou por várias etapas: modelar e secar, apreciar imagens de bumba-meu-boi e escolher a cor, escolher a estampa do tecido para saia e colar junto com o rabo, decorar com fitas de cetim, usar tinta guache e pincel fino para detalhes do olho e do chifre; e para finalizar enfeitar com cola glitter e lantejoulas. Foi com muita satisfação, que as crianças produziram cada etapa, empenhadas e envolvidas até o término.
A modelagem passou por várias etapas: modelar e secar, apreciar imagens de bumba-meu-boi e escolher a cor, escolher a estampa do tecido para saia e colar junto com o rabo, decorar com fitas de cetim, usar tinta guache e pincel fino para detalhes do olho e do chifre; e para finalizar enfeitar com cola glitter e lantejoulas. Foi com muita satisfação, que as crianças produziram cada etapa, empenhadas e envolvidas até o término.
Ajudar a colar as bandeirinhas de papel de seda da
escola, também fez parte do projeto para que os pequenos participem da
organização da festa, outra tarefa foi confeccionar bandeirinhas com
sacolas de papel trazidas de casa, envolvendo as famílias nesse
processo.
Ensaiamos durante 6 dias a dança da Carambola para
se apresentarem no dia da Festa Junina e como elas encaram com
seriedade essa aprendizagem!
Retomei em roda a apreciação das obras de arte NAIF
que observamos anteriormente e selecionei algumas para deixar expostas no mural
da sala, relembramos observações sobre essa pintura e logo depois, a proposta
era fazer uma pintura na cartolina A4. Primeiro pensaram em um tema da Festa
Junina, depois traçaram suas ideias com pincel e tinta preta, terminado os
contornos começaram a colorir com cores bem fortes e alegres. As crianças
produziram pinturas muito ricas e detalhadas.
Em outra roda, li uma história de uma revista
Recreio com tema de Festa Junina: falava de uma festa em uma quermesse e as
crianças conheceram novos elementos como a brincadeira do correio elegante, a
cadeia, as argolas etc.
Outro item da lista para pesquisarmos, eram as
comidas típicas e as brincadeiras. Em rodas as crianças escolheram 2 receitas
para fazermos na escola: bolo de fubá e pipoca. Elas trouxeram os ingredientes, conversamos sobre de onde vem o fubá e preparamos juntos. A pipoca foi feita com um pouco de
margarina e não colocamos sal, me questionaram sobre essa decisão e disse que
na margarina já tinha sal e o excesso dele faz mal para saúde, logo uma
criança falou “Então é pipoca saudável!”, eles estão acostumados com pipocas de
microondas ou de pipoqueiro que vem com muito sal e se deram conta que
realmente não precisava de mais, estava gostosa assim.
Já nas brincadeiras,
pensei em algumas que não fossem as que normalmente têm nas festas e resgatei
em um site na internet algumas ideias. Brincamos de corrida do
saco, corrida do ovo na colher, passa chapéu, estoura bexiga e encontre os
sapatos. Essa parte foi pura empolgação! Todas as brincadeiras menos a passa
chapéu (parecido com batata quente), precisavam de duas equipes, foi importante
perceberem que a cooperação é boa para todos. Não houve desrespeito, choro ou
discussões. Participar e se divertir foi o maior objetivo deles.
A etapa final do estudo, corresponde à confecção de
estandartes. Utilizamos materiais como: papelão, tecido estampado e cru, caneta
de ponta porosa, miçangas, lantejoula, cola glitter, bandeirinhas de fita de
cetim e formas de docinhos.
Em roda, retomei a utilização dos estandartes, mostrei algumas imagens impressas da internet como esta abaixo e também apresentei os santos celebrados, neste caso não me aprofundei na questão religiosa, apenas mostrei as imagens e disse que eram como anjos, eles lembraram a simbologia das bandeirinhas e eu disse que tinham pessoas que acreditavam na realização dos pedidos e outras não. Depois da conversa, cada um escolheu qual santo representaria, e pontuei que para desenhar São Pedro, precisava ser um “velhinho” com barba e a mão levantada para cima, São João tinha um menino de cabelos enrolados e um carneiro no colo e Santo Antônio um homem “meio careca” com um bebê no colo. Perguntei se eles sabiam o que era aquela luz envolvendo a cabeça deles e alguns me disseram que eram as auréolas e eu disse que era como se fosse, mas um pouco diferente e que quem quisesse poderia acrescentar ao desenho. Foram 4 etapas: escolha do tecido, desenho do santo, decoração e colar as fitas de cetim. Foi um sucesso! Cada estandarte feito com maior capricho! Pude perceber o quanto em todo momento do projeto eles se envolveram e realizaram as produções com muito carinho, cuidado e respeito aos demais. Terminamos no último dia de aula.
Em roda, retomei a utilização dos estandartes, mostrei algumas imagens impressas da internet como esta abaixo e também apresentei os santos celebrados, neste caso não me aprofundei na questão religiosa, apenas mostrei as imagens e disse que eram como anjos, eles lembraram a simbologia das bandeirinhas e eu disse que tinham pessoas que acreditavam na realização dos pedidos e outras não. Depois da conversa, cada um escolheu qual santo representaria, e pontuei que para desenhar São Pedro, precisava ser um “velhinho” com barba e a mão levantada para cima, São João tinha um menino de cabelos enrolados e um carneiro no colo e Santo Antônio um homem “meio careca” com um bebê no colo. Perguntei se eles sabiam o que era aquela luz envolvendo a cabeça deles e alguns me disseram que eram as auréolas e eu disse que era como se fosse, mas um pouco diferente e que quem quisesse poderia acrescentar ao desenho. Foram 4 etapas: escolha do tecido, desenho do santo, decoração e colar as fitas de cetim. Foi um sucesso! Cada estandarte feito com maior capricho! Pude perceber o quanto em todo momento do projeto eles se envolveram e realizaram as produções com muito carinho, cuidado e respeito aos demais. Terminamos no último dia de aula.
Além disso, fez parte
deste projeto atividades de Língua Portuguesa. Aproveitei o tema, para
desenvolver lições de leitura e escrita,
não era o foco, mas como atuo com alfabetização as atividades puderam contribuir para melhor reflexão e compreensão do assunto
tratado. Também tiveram outras situações não descritas como uso do mapa brasileiro, o contato com um instrumento musical (triângulo), a brincadeira do Boi-de-mamão etc.
Combinamos que parte
deste projeto será compartilhado com as famílias na Mostra de Trabalhos do 2º
semestre, depois disso levariam a modelagem de boi e o estandarte para casa.
Apresentei este
trabalho para equipe pedagógica da escola onde trabalhava e foi um sucesso e a
escola decidiu incorporar este projeto na grade curricular 1º ano.
Ao finalizar o projeto com as crianças tive certeza de que elas conheceram
e se encantaram com nossa cultura, foi muito prazeroso realizar este projeto e
vê-los envolvidos como eu sou pela cultura brasileira e fazê-los refletir sobre
a diversidade cultural.
A intenção deste estudo era justamente aproximá-los da Cultura Popular Brasileira e esta tarefa foi realizada satisfatoriamente, o olhar para Festa
Junina já não era mais o mesmo de antes e pude perceber isso durante os
comentários realizados por eles durante o projeto, a intensa curiosidade, o
prazer da descoberta.
Finalmente, percebi que a realização desse projeto propiciou a
todos - a professora, a escola e as crianças -, um conhecimento maior sobre o
porque dessa festança ou a motivação por procurar saber.
Para minha formação foi muito importante desenvolver e vivenciar o
projeto, e para elaboração do mesmo precisei aprofundei meus estudos em ciências sociais
e nas diversas maneiras que poderia trabalhar essa área do conhecimento com
meus alunos, sempre pensando em alternativas de ensino que fossem significativas e lúdicas.
Uma outra turma de 1o ano foi contagiada e com apoio de um material que tinha sobre Boi de mamão, também trabalharam a temática.
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*Todos os direitos autorais das imagens e texto reservados para Marcela Chanan. É proibida sua cópia sem autorização prévia. O compartilhamento da publicação na íntegra diretamente do blog (link e via redes sociais) é livre.