sábado, 30 de agosto de 2014

BRINCADEIRAS DO BRASIL: o resgate das brincadeiras populares e suas variações regionais.

“A criança que não brinca não é feliz, 
ao adulto que quando criança não brincou,
falta-lhe um pedaço no coração”.  
Ivan Cruz


Considerando que desde que nascem as crianças participam de diversas práticas sociais e que o brincar está (ou deveria estar) inserido em seu cotidiano, dentro e fora da escola, o trabalho com brincadeiras apresenta-se como instrumento facilitador da aprendizagem para as crianças na área de Ciências Sociais. Resgatar brincadeiras populares reconhecendo que há jeitos diferentes de brincar a depender da região onde a pessoa aprendeu ou viveu a infância, foi o eixo central do projeto. 

Contexto

O projeto foi desenvolido com crianças de um Grupo 4 com duração semestral. Este estudo possibilitou explorar as brincadeiras já conhecidas e suas diferentes variações de regras, nomes e músicas em diversas regiões do Brasil. 
Milton da Costa e Sergio Bastos

Sensibilização

Apresentação de diferentes imagens de crianças brincando e questionamento: "Que brincadeira é essa?" (Já inserir variações para provocar hipóteses)

*Durante o projeto apresentei artistas que representaram brincadeiras em suas obras, esse repertório também contribuiu no momento de produção de desenhos, além de descobrirem que há brincadeiras muito antigas.


Como foi o projeto...

De forma lúdica o grupo se envolveu brincando em um projeto de pesquisa, utilizando procedimentos necessários para tal: ler imagens, consultar livros e internet, ouvir cd´s de aúdio, assistir vídeos e ter um primeiro contato com a produção de fichas com as explicações de algumas brincadeiras  - as crianças ditam e a professora é a escriba. Também fez parte da metodologia o levantamento prévio em relação às brincadeiras que conhecem e a produção de uma lista para deixar no mural como fonte de consulta. 


Apresentei o mapa do Brasil para localização de em quais estados estão as variações e  a comunidade escolar (pais e funcionários) foi convidada para ensinar uma variação de brincadeira vivida na sua própria infância, garantindo uma variedade de interlocutores. Assim, as crianças tiveram a oportunidade de estabelecer novas formas de relação e de contato com outras expressões culturais, cruzar hipóteses individuais e coletivas, além de ampliar e compor um repertório de conhecimentos comuns ao grupo que pertencem. 

É um projeto muito prazeroso, as crianças aprendem muitas coisas e especialmente brincam demais: brincam para aprender, brincam para lembrar as regras, brincam para divertir-se, brincam para ensinar, brincam, brinvam e brincam!

Pieter Bruegel

Francisco Goya

Cândido Portinari

Finalização do projeto: Mostra de trabalhos




Também produzimos um vídeo, mas que não é possível publicar aqui.

Alguns materiais que me ajudaram com esse projeto:








Esta é uma ideia de projeto que trabalhei há algum tempo na Escola Santi e foi apresentada no ICLOC de 2012.






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*Todos os direitos autorais das imagens e texto reservados para Marcela Chanan. É proibida sua cópia sem autorização prévia. O compartilhamento da publicação na íntegra diretamente do blog (link e via redes sociais) é livre.

domingo, 17 de agosto de 2014

BRINCAR com materiais não estruturados


Nesse artigo escolhi manter o termo sucata ao invés de materiais não convencionais ou não estruturados. 
Sucata é mais simples, é todo material descartado que pode ser reciclado ou reaproveitado. Também gosto do termo "sucata inteligente" como depois passei a chamar entre eu e me minha parceira de trabalho.

Na proposta do período integral no qual atuo, as crianças brincam com esses materiais no momento de entrada. Normalmente elas chegam e a sala já está ambientada, nessa sala não há mesas ou cadeiras por nossa opção (das educadoras), então ha bastante espaço e liberdade de criação, de movimento para espalhar tudo como bem quiserem. Elas montam e depois desmontam para guardar.

Após as construções, muitas vezes nos solicitam para organizar uma "exposição" na própria sala e atendemos o pedido. E como ficam orgulhosos de suas ideias e conquistas! A brincadeira ganha um valor afetivo e coloca as crianças como produtoras de cultura.

Desde o ano passado pedi a minha mãe, que é costureira,  para separar cones e retrozes de linha para reutilizar. Ela veio me visitar e trouxe uma boa quantidade, levei para escola e iniciei a ideia de juntar sucatas interessantes para propormos esse brincar. No inicio do 2o semestre me deparei com uma oficina de conserto (costura) perto de casa e pedi para que guardassem os retrozes de plástico e a cada 20 dias passarei lá para recolhê-los.

Juntando todos materiais temos caixas com retroz de plástico e cone de papelão de linha, conduítes, círculos de papelão (imitando um suporte de bolo), bandejas de isopor, restos de isopor que vem em caixas protegendo algum objeto, refil de café, tampas diversas, rolo de fita durex e crepe, rolo de papel higiênico de diferentes tamanhos e outros rolos de papel e tudo que achamos interessantes para aderir a brincadeira.

São materiais que apresentam plasticidade, ou seja, podem se transformar em muitas possibilidades; eles enriquecem o brincar, ampliam a capacidade inventiva e essa plasticidade junto a exploração e imaginação das crianças. E assim, resultam em construções muito interessantes, elas passam um bom tempo dedicadas neste fazer. Por isso mesmo, nesta construção as crianças precisam de tempo para explorar as possibilidades de cada material, para reencontrar, se apropriar, retomar ideias e testar novas. 

A criança imagina, cria e brinca com esse material, que ora pode ser uma coisa, ora outra ou uma conquista dependendo do objetivo da montagem, por exemplo, montar uma torre até onde os materiais conseguem ficar equilibrados. 




Assim como escrevi no post sobre brincar na areia com sucata, as crianças se mantém concentradas, inteiras naquele fazer, a aparente bagunça demonstra esse envolvimento, essa exploração, esse momento de criatividade, a seriedade do que estão fazendo.

Brincam com pares diferentes, aprendem a trabalhar em grupo ou a se empenharem em um "projeto" (uma pesquisa individual). Elas têm a oportunidade de viver e reviver aprendizados importantes e que se fazem necessários, vivem a experiência com os sentidos e aprendem muitas coisas.

É muito importante que brinquem com esse tipo de material, afinal os brinquedos de hoje em dia já oferecem toda brincadeira pronta. Quando a criança se depara com a possibilidade de construir algo, o interesse e a qualidade do brincar é garantida. Inicialmente,  as crianças podem até estranhar, mas depois se soltam e entregam-se a imaginação.

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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

PIKLER: UMA ABORDAGEM ENCANTADORA


Associação Pikler- Lóczy França / Abril 2014.


Gostaria de compartilhar, brevemente, a experiência de participar de uma formação em Paris que aconteceu na Associação Pikler-Lóczy França, em parceria com a Rede Pikler Brasil/Rio de Janeiro.

Essa foi a segunda vez que estive na Europa e Paris não fazia parte do meu roteiro de desejos, talvez por isso foi tão inesquecível: grupo de pessoas especiais, dias incríveis cheios de cultura e estudo.

Durante a formação tive o prazer de aprender com diferentes formadoras: Miriam Rasse/Psicóloga, Robert Simas/Psiquiatra infantil e Isabelle Deligne/Pediatra. A tradução foi simultânea.

Conversamos sobre a realidade da educação francesa, o desenvolvimento psíquico precoce, os cuidados com o corpo, o movimento e a autonomia, as brincadeiras e a interação, a observação... Considero como uma introdução a abordagem, para poder seguir com os estudos por conta própria ou com um grupo.
 
Os temas abordados me fizeram conhecer um outro caminho, uma nova prática, descobertas fantásticas e o contato direto com minha criança interior, isso mexeu muito comigo...ah liberdade! Emocionei-me várias vezes com a aprendizagem, com o olhar atento e cuidadoso que esta abordagem traz.  Me fez refletir sobre o papel do educador/adulto, uma prática que ajuda as pessoas a perceberem o quanto tentam o tempo todo controlar tudo. Precisamos deixar a criança viver a vida dela, dar-lhe isso.
 
Durante essa formação também visitei e observei uma creche. Foi uma riqueza! Pude ver a prática de muitos dos assuntos discutidos no curso: o trocar fraldas, a alimentação, o sono, o jogo, a interação, a espera de cada um ao seu tempo. Os olhos das crianças ... a relação com o adulto.

Voltei para o Brasil muito animada com a oportunidade vivenciada, de observar que é possível, em muitos aspectos, adaptá-la a nossa realidade. Na França já há uma adaptação da abordagem em seu sistema de ensino e muitos dos educadores também estão em processo de aprendizagem. Não é uma mágica que só dá certo na Hungria, mas é preciso o cuidado de não copiar a abordagem e sim fazer uma leitura dela no seu contexto, na sua cultura.

Tenho percebido que por falta de estudo ou por conhecimentos rasos sobre a abordagem, algumas pessoas tiram suas próprias conclusões sem reflexão e colocam-se em posicionamentos desrespeitosos ou são contra essas viagens de estudos para conhecer outras referências, sem ao menos terem passado por essa experiência.

Eu particularmente, gosto de estudar diferentes abordagens e sempre aprendo, me identifico, reavalio minha prática, penso nas possibilidades do meu contexto, enfim busco vivências que contribuam de alguma forma. Com certeza copiar o que as abordagens fazem, importar uma coisa pronta de outra cultura, sem nenhuma reflexão, não dá certo. O importante é renovar-se, reciclar-se, abrir-se.

Abaixo anexei um folder de uma roda de conversa em que eu e Fabiana de Sá, uma parceira de estudos, compartilharemos conhecimentos adquiridos nessa viagem e na continuidade desse estudo.

Inclusive no mês de setembro estarei em outra formação para aprofundar meus saberes sobre a abordagem Pikler em Buenos Aires, dessa vez com a Red Pikler Nuestra America.



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