“Memória”
“ Houve um
dia aqui uma praça
Onde tantas
crianças cantavam
Houve um dia
aqui uma praça
Onde os
velhos sorriam lembranças
Houve um dia
aqui uma praça
Onde os
jovens em bando se amavam
E os homens
brincavam trabalhando
Um trabalho
sem desesperança
Digo meu
filho que esse jardim
Era o viço
da vida vingando
Digo meu
filho que esse jardim
Era o branco
dos dentes brilhando
E a festa da
vida seguia
Pelo o
franco dos gestos libertos
Digo de
fresca memória que não aqui não havia
Do medo este
cheiro
Digo de
fresca memória que não aqui não havia
De estátuas
canteiros
Houve um dia
aqui uma praça,
uma rua, uma
esquina, um país
houve
crianças e jovens e homens e velhos
um povo
feliz.”
(Gonzaguinha)
Uma
das minhas observações frequentes ao viajar pelo Brasil ou por outro país, é verificar como e por quem o espaço público é utilizado, e se há
condições de ser frequentado.
É
muito perceptível o quanto a vida das pessoas muda quando esse espaço passa a
fazer parte da comunidade e ganha um valor especial: momentos de encontros, de
brincar, de descobertas, de se divertir, de ler, de passar o tempo, de
conversar, de fazer piquenique ou churrasco; de conhecer pessoas, namorar, jogar
bola, ouvir música, misturar as “tribos” e faixas etárias, trocar, contemplar, ter
contato com a natureza, ter liberdade etc. Uma vivência muito valorizada.
A
praça como um lugar de circulação e de permanência, onde se guarda memória.
Possibilita encontrar-se com sua própria cidadania, dar vida ao espaço, cuidar
dele. Um local perfeito para a interação social, as manifestações e as festas. O
contrário do que nossa sociedade alimenta: shoppings, condomínios fechados e
escolas muradas.
Infelizmente
o espaço público não é muito privilegiado aqui em São Paulo: a maior parte das
praças ficam abandonadas e os parques sempre lotados. Parquinhos para as
crianças brincarem ao ar livre são raríssimos e na maioria das vezes, existem
porque os moradores ou alguma empresa privada é que toma iniciativa
reorganizá-los e mantê-los.
Pensando
nos espaços públicos na cidade, lembro-me que brincava bastante em praças e atualmente vejo pouco esta prática. O brincar na praça possibilita o resgate das brincadeiras tradicionais e brinquedos dos parquinhos. A criança caminha por caminhos mais livres, tendo a possibilidade de usar a imaginação e a criatividade. Interagindo com outras crianças e conhecendo-as, elas têm a oportunidade de conhecer as pessoas que vivem ali próximas e/ou que tem os mesmos interesses, ampliando seu círculo social e o contato com a natureza.
Agora pare e retome por um instante como são suas lembranças de brincadeiras em praças e rua? Tenho certeza que são memórias agradáveis, afetivas e cheias de saudades! Possibilidades que só poderiam ser realizadas naqueles espaços específicos. Espaços esses fora de casa, com liberdade e com crianças maiores cuidando das menores.
Agora pare e retome por um instante como são suas lembranças de brincadeiras em praças e rua? Tenho certeza que são memórias agradáveis, afetivas e cheias de saudades! Possibilidades que só poderiam ser realizadas naqueles espaços específicos. Espaços esses fora de casa, com liberdade e com crianças maiores cuidando das menores.
A
organização atual da sociedade mudou muito: as famílias já não têm a mesma
formação que antigamente, a escola ganhou novos desafios e caminhos, a maneira
como as crianças brincam (influenciadas por novos brinquedos e pelo consumismo),
as casas diminuíram e os espaços para brincar consecutivamente.
A
transformação da metrópole resignificou este espaço público de forma que se
tornou dispensável. Mesmo com reivindicações para melhoraria das praças, há pouco
investimento. Nas cidades pequenas é bem visível como a população usa a praça
daquela mesma forma antiga e já nos grandes centros urbanos elas ficam
abandonadas em meio às construções....
Conheça um movimento que abraçou essa causa: http://movimentoboapraca.com.br/
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