segunda-feira, 23 de outubro de 2017

LITERATURA INFANTIL: indicações Ciranda Cultural

*Todos os livros são com letra maiúscula, ótimos para pequenos leitores em fase de alfabetização.

  Texto: Melanie Joyce
Ilustração: Kirsten Collier


Quando se pensa em uma história de raposa e galinha, já é possível prever o que acontece. E foi assim que me surpreendi!
Algumas galinhas estão sumindo do galinheiro e a raposa tem fama de comer galinhas, mas ela conta ao fazendeiro que é vegetariana e tenta descobrir o que está acontecendo para deixar de ter essa fama.
Quando a raposa tenta salvar algumas galinhas para o fazendeiro, ele acorda e pega a raposa no flagra. O que será que vai acontecer?


Bom desfecho!



Texto e Ilustração: Alison Brown


Edgar era uma menino sonhador, queria desvendar o mundo e viver aventuras incríveis. Certo dia, encontrou um parceiro que aceitou acompanhá-lo, era um cão.



Eles brincaram bastante e viveram momentos inesquecíveis, mas quando o levou para casa, mas a mãe não quis ficar com o cãozinho, não havia espaço na casa e o seu parceiro teve que ir embora. Porém, no outro dia ele voltou e assim várias vezes ele ia para algum lugar e voltava. Até que teve uma grande ideia e solucionou o problema da falta de espaço para ele naquela casa. Qual será a solução do cãozinho? Será que deu certo?


 Texto e Ilustração: Kristyna Litten 


Pipa é uma galinha diferenciada, todo mundo fala sobre ela. Isso porque a galinha sismou que queria enxergar no escuro, curiosa e cheia de ideias não desistiu.

Muito interessada no assunto, pesquisou e encontrou algo que poderia lhe ajudar. Encontrou um livro antigo sobre histórias de galinhas e descobriu um alimento capaz de fazê-la enxergar no escuro. 

Ninguém acreditava nessa insistência dela, afinal galinhas não enxergam no escuro e pronto! O que será que aconteceu quando todas as galinhas se reuniram para comer um banquete e anoiteceu?

 Texto: Norbert Landa
Ilustração: Tim Warnes


Essa é uma história sobre amizade. 

O urso e o coelho faziam tudo juntos, inclusive moravam na mesma casa. Gostavam da companhia um do outro. Até que encontraram uma coisa brilhante na frente de casa e brigaram por causa do que cada um achava daquilo. 

Voltaram para casa e bravos tentaram dormir, mas não conseguiram, então ao mesmo tempo tiveram uma ideia: falar com o amigo.

Eles se encontraram na frente de casa e resolveram o problema. Como será que entraram em um acordo?

Achei interessante para começar uma conversa com as crianças sobre pontos de vista, sobre cada um vê de uma forma.

domingo, 15 de outubro de 2017

INDICAÇÃO DE LEITURA: especial mês dos professores



Autora: Maria da Graça Souza Horn
Editora: Penso

Conheci o trabalho dessa autora por meio do livro "Sabores, Cores, Sons e Aromas - A organização de espaços na educação infantil" da editora Artmed. Na época me ajudou muito a repensar os espaços que oferecia as crianças. 

Dessa vez, Horn volta com esse tema, mas focando no brincar e na interação entre as crianças, considerando as orientações  das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil em relação  a organização dos espaços e dos materiais, ao protagonismo e aos espaços internos e externos das instituições. O trabalho com a autonomia, o mobiliário específico para a faixa etária (0 a 5) e contato com a natureza fazem parte dessa proposta.

Um livro essencial, que incentiva a transformação, desperta a reflexão, sugere melhorias e oferece uma base teórica consistente que pode nortear as escolhas pedagógicas. Se as crianças aprendem o tempo todo com tudo que está ao seu redor, o espaço tem um papel fundamental como terceiro educador.

É uma leitura gostosa que flui sem a gente perceber. As imagens ilustrativas complementam o texto e auxiliam o melhor entendimento dos materiais, equipamentos e móveis.

Com certeza depois dessa leitura você vai olhar diferente para os espaços da escola e se questionar, não será mais o mesmo!

Boas descobertas!


Autora: Stela Barbieri
Editora: Blucher

Esse livro faz parte de uma coleção chamada InterAções. Gosto bastante da forma com a autora expande nosso olhar, para além das práticas na escola, para a vida. Esse título fez parte da bibliografia da minha pesquisa de monografia sobre arte e primeiríssima infância.

A obra nos questiona, faz retomarmos memórias, reativarmos nossa sensibilidade, refletirmos sobre como vemos a arte na infância, como nos relacionamos com a arte nas nossas vidas, como é a nossa prática na escola, etc. Se a arte está na vida, está em tudo, ficam algumas perguntas:

Será que a arte contemporânea pode ajudar a entender? 
Qual é o papel do professor? 
O que deve ser contemplado no ensino da arte? 
O que é experiência? 
O que é estética? 
Como acontece o processo de criação? 
As crianças se relacionam com os espaços, os materiais, a natureza, o corpo, como tudo isso se relaciona com a arte?

Achei a leitura muito enriquecedora, abre janelas, ilumina o olhar, confirma concepções e nos faz avaliarmos a própria prática: para onde queremos ir e como podemos. As páginas são cercadas de relatos, citações, referências, imagens, conceitos e provocações.

Boa transformação!


Organizadora: Judit Falk
Editora: Omnisciência

Fiquei muito feliz quando a tradução desse título ficou pronta. A Rede Pikler Brasil se dedicou muito para essa concretização; fiz parte da Rede, mas não consegui acompanhar o grupo. É uma alegria ter essa contribuição!

Meu primeiro contato com a abordagem foi aqui em São Paulo, depois em Paris e em Buenos Aires. Atualmente realizo formação de professores em diálogo com os princípios piklerianos e sempre indico essa leitura para o grupo de participantes.

A abordagem Pikler é muito singular e focada no desenvolvimento infantil de 0 a 3 anos. Como foi criada em outro contexto, é importante considerar a cultura de cada país. É uma inspiração que nos faz olhar para os bebês e crianças pequenas de forma mais sensível, são princípios que podem nortear a nossa prática até o termino da educação infantil.

O livro conta com seis temas esclarecedores sobre como é o trabalho nessa abordagem em relação as atividades dirigidas, a autonomia e/ou a dependência, o desenvolvimento lento ou diferente, os cuidados corporais e a relação adulto/criança. 

Temos pouco material traduzido para o Português, então aproveitem a leitura.

Bom diálogo! 


Autora: Jussara Hoffmann
Editora: Mediação

Esse tema sempre aparece durante os processos de formação de professores. Muitas das reclamações são porque o docente acaba se sentindo preso em olhar o que a criança sabe ou não sabe, consegue ou não consegue, pois mesmo com as observações diárias algumas aprendizagens não são contempladas, outro aspecto é a produção de relatórios muito extensos. Cada escola avalia à sua maneira, com diferentes técnicas e instrumentos avaliativos. Então, diante desse fato:

O que é avaliar? Por que avaliar?
O que envolve o processo avaliativo?
O que é uma concepção mediadora de avaliação?
Qual é o papel do professor?
Como desenvolver um olhar mais sensível e reflexivo sobre a ação pedagógica?
Qual é o melhor instrumento de avaliação?

São essas e outras questões como observação, registro, mediação, diálogo, reflexão, planejamento e currículo, dentre  ações subjacentes que estão articuladas nesse livro como orientação e precisamos estudar para que a avaliação não seja um processo descolado da prática cotidiana e se torne meramente uma tarefa a cumprir.

A avaliação é fundamental para o desenvolvimento de cada criança e para o professor repensar sua prática, promovendo a formação do mesmo.

Bom encontro!

Organizadoras: Marcia Aparecida Gobbi e Maria Letícia Barros Pedroso Nascimento
Editora: Junqueira & Marin


Cultura, diversidade e educação são temas que me encantam! Precisam de muito estudo e reflexão, de serem incluídos urgentemente na prática pedagógica. 

Nessa obra podemos conhecer melhor a perspectiva de um campo chamado Estudos Sociais da Infância. Essa seleção de textos é fruto de pesquisas e ensaios apresentados em um seminário, que revelam práticas e reflexões nos convidando a um olhar mais apurado em relação a essa temática. Está dividido em três partes: infância, diversidade cultural e formação docente.

A escola é um espaço privilegiado para tratar desses assuntos, as crianças estão em relação com o outro e suas diferenças o tempo todo. Aproveitar o conhecimento e a cultura das famílias e dos funcionários, pode enriquecer muito o trabalho. É importante envolver a todos.

A sociedade tem discutido e levantado muitas questões sobre racismo, preconceito, feminismo, machismo, gênero, sexualidade, religião, formação familiar, arte e muitos outros aspectos, que estão sendo tratados com violência, discriminação e censura. A  formação docente gera a evolução das competências do professor, mas no caso dessas temáticas o autoconhecimento se faz igualmente necessário. Ser capaz de lidar com essas situações na escola e garantir ser um adulto de referência ética na vida dessas crianças, não é uma tarefa simples.

Boa reflexão!

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

O BRINCAR LIVRE NA ESCOLA: um desafio no ensino fundamental I.




Como a gente olha para o brincar? Como a gente entende?
O que o brincar livre nos diz sobre as potências infantis?
Como observar essa relação espontânea do brincar?
Por que brincar livre?
Como é esse corpo brincando? 



A intenção não é ter respostas prontas, mas despertar uma reflexão de acordo com minhas concepções e experiências. Também contei com o apoio dos vídeos da série "Diálogos do Brincar" do Instituto Alana.

Diariamente observo as brincadeiras que acontecem nos momentos de espontaneidade, principalmente no parque. Tenho paixão pelo que acontece nesse espaço!

Trabalho como professora do período complementar no  ensino fundamental I (2017), as crianças chegam com 5/6 anos e permanecem até os 10/11 anos, com agrupamento multietário. E foi a partir dessa experiência, de dar mais espaço para o brincar livre e suas manifestações, que percebi o quanto o jogo simbólico está presente nessa faixa etária, porém nem as próprias crianças se permitem ser crianças, foi um trabalho de bastante incentivo para se permitirem e aprenderem a lidar cada vez mais com as escolhas, a autonomia e as relações.

Foi oferecendo tempo, espaço e materiais potentes, que se mostraram criativos, enérgicos e cheios de imaginação. 

O brincar é um direito que deve ser garantido:

Brincar é um direito de todas as crianças porque é vital para o seu desenvolvimento e bem estar. Isto é reconhecido na Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança (artigo 31) e no Estatuto da Criança e do Adolescente do Brasil (artigos 4o e 16), como o direito das crianças ao brincar, recreação, lazer, arte e atividades culturais. Ambos os documentos afirmam muito claramente que o brincar não é "opcional" ‐ é essencial na vida das crianças. Se as crianças vivem ao máximo e crescem para ser o melhor que podem ser: física, emocional, social, intelectual e esteticamente, elas precisam de oportunidades para brincar e também para lazer e descanso. Elas precisam de espaço para apenas "ser" a cada dia. 
As crianças têm o direito de participar das decisões que lhes dizem respeito (Artigo 12 da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança – UNCRC). No brincar, isto inclui fazer escolhas sobre o tipo de brincadeira da qual gostariam de participar: com quem, onde, com que e por quanto tempo elas gostariam de brincar. As crianças também podem dar opinião sobre a forma como elas gostariam que seus ambientes de brincadeira fossem projetados e construídos e fazer parte desse processo de planejamento desde o início.                  (Fonte: http://www.a-chance-to-play.de/fileadmin/user_upload/a-chance-to-play/ACTP_Brasil/1312_guia_brincar/ACTP_direito_de_brincar_GUIA_PRATICO.pdf)



Ao brincar as crianças se mantêm concentradas, negociam, representam diversos papéis, se expressam com múltiplas linguagens, interagem entre diferentes idades e fazem escolhas com autonomia. Criam enredos, personagens, cenas, geringonças e construções. Elas se mostram envolvidas e preocupadas com a estética da brincadeira. Algumas vezes, demoram demasiadamente para organizar, decidir papéis e regras. Fico angustiada de pensar sobre os recreios de 20 minutos...




Observo crianças que gostam de transitar e misturar-se entre as brincadeiras que acontecem em agrupamentos de todo tipo e várias ao mesmo tempo. Às vezes alguma opta por brincar um pouco sozinha (montar um lego, ler, descansar, ficar sem fazer nada) e não vejo como um problema. Tédio e ócio tem poder criativo, a criança aprende a solucionar problemas, a fazer escolhas, a tomar decisões, a pensar, a criar a partir do que vem de dentro dela, aprende a conhecer a si mesma. Se o adulto conhece bem essa criança, saberá o que é necessidade e o que é algo que precisa de um apoio.




Anoto, registro, estou sempre preparada, pois o espontâneo não se repete igual. Quando a criança tem a oportunidade de planejar e colocar em prática por conta própria o que imaginou, ela mostra muito sobre si mesma. E a gente aprende mais com elas.

Já reparou no ritmo das brincadeiras, nos gestos, no compasso, na transformação? Leva tempo, mas o importante é olhar e tentar refletir sobre o que está acontecendo, as minucias, os conceitos, as metáforas e as expressões corporais.

Brincadeira de mamãe e filhinha é uma das prediletas, seja com famílias de pessoas ou de animais. Brincam de Spa, restaurante, sorveteria, astronautas, aventureiros, clubes, poções mágicas, circo, parques temáticos, hospital, Pokémon, balada etc. 





Os tecidos e as cordas (necessidade de maior atenção por parte dos adultos) são essenciais para despertar essa imaginação e criatividade. A brincadeira de casinha nem sempre acontece com os elementos de casa e sim serve como um lugar de encontro, de proteção e de experiências. A cabana, por exemplo, é uma brincadeira que está diariamente presente, seja de camping, de tecido, de blocos de madeira; construída com bancos, cadeiras, mesas, canos pvc, apresenta diferentes formas. Um espaço acolhedor com ninhos, almofadas, colchonetes, algumas sem entrada de luz para ficarem bem escuras.

Na areia a diversão está por conta das possibilidades que  criam: cavam, amontoam, constroem vulcões, aeroportos, restaurantes, comidinhas, desafios etc. Usam folhas, flores, pedrinhas, brinquedos específicos para areia, sucata, coisas de cozinha e algumas vezes usam o brinquedo da sala.







Para determinado grupo de meninos o futebol é a principal fonte de diversão, algumas vezes deixam-no de lado e experimentam brincar de outras coisas mostrando todo seu potencial inventivo e o jogo simbólico aparece. 
Se pendurar em diversos lugares do brinquedão é algo muito presente, uma necessidade corporal. Inventam muitas formas de subir, girar e chegam a criar desafios com tecidos e cordas amarradas. De vez em quando também prendo um elástico grosso em algum espaço do parque criando uma "cama de gato", pura diversão!

No escorregador a diversão fica por conta de escorregar em caixas de papelão, tábuas de carne, tecidos, caixas plásticas, pneus e até uma banheira plástica. Colocam areia, água e outros obstáculos, além de utilizá-lo como rampa para dar impulso em alguns objetos como bolinhas e pneus.

Nesse mesmo espaço, acontecem shows com instrumentos adaptados do parque, palco, bilheteria, várias descobertas de sons e ritmos.
O desenho e a escrita fazem parte do brincar: registram ideias, fazem placas, pedidos, anotações e bilhetes. Criam brincadeiras e enredos no próprio papel.
Às vezes estão tão envolvidas que procuro não interromper e aviso aos poucos que dali algum tempo precisarão guardar. Também "congelamos" a brincadeira se existe a possibilidade de voltarmos para o espaço.



Brincar com água, pegar terra na horta, capturar insetos e deixar a água no sol para esquentar, são ações que acontecem com frequência. Se mostram curiosas, valentes ou medrosas em relação aos insetos que aparecem, querem florzinhas, galhos e folhas de plantas para embelezar seus bolos e alimentos de areia. Esses dias se maravilharam ao observar um pássaro que nos visitou com uma bela cantoria.

Todos podem brincar de tudo e é incrível observar os meninos mais velhos passando por um momento onde brincavam apenas com bichos de pelúcia, também teve a fase das fantasias de princesa. Sim, eles já sabem que brincadeira não tem idade, nem gênero. Podem experimentar à vontade sem nenhum olhar adulto que os intimidem.

As crianças dessa faixa etária quando têm a oportunidade de brincar livremente, mostram o quão potentes são se as deixarmos criar e estarmos presentes para apoiá-las em ideias que precisam de ajuda para concluí-las. Tem sido uma bela experiência acompanhar esse brincar no FI.


A brincadeira é um fenômeno cultural que sintetiza os valores do grupo no qual se desenvolve. É impossível apontar claramente onde, quando e como ela surgiu. O certo é que pode ser encontrada em todos os grupos sociais. Sua essência é a espontaneidade e, seu teor, a liberdade(Fonte: http://www.cartaeducacao.com.br/aulas/fundamental-1/a-brincadeira-%E2%80%A8e-livre/ )

O educador precisa conhecer bem cada criança, saber como é em casa (parceria com a família), na sala de aula (parceria com a equipe) e se abrir para conhecê-la profundamente criando um vínculo de confiança. Nessa idade já estão construídos muitos estereótipos e preconceitos.

Manter-se disponível, interessado e com olhar pesquisador. Costumo dizer que o primeiro passo para ser um professor inovador é renovar seu olhar: o professor é mediador da aprendizagem, a criança a potência do projeto pedagógico.

Acredite na essência da criança, não direcione e sim escute, observe, esteja junto, deixe acontecer sem saber no que vai dar. Mergulhe junto na imaginação! Você vai se surpreender, entregue-se! Viva essa experiência plena. O adulto que sabe brincar (respeitando sem direcionar) quebra barreiras na relação professor-aluno. A criança passa a confiar mais no adulto e nela mesma. 

Quanto mais o adulto tiver contato com seu interior, retomar suas memórias de brincadeiras e sensações, poderá se tornar mais sensível a esse mundo simbólico infantil conseguindo abrir e colaborar com esse campo da criança.

Certo dia, um grupo de meninas solicitou a câmera fotográfica e uma de nós professoras entregou para ver como utilizariam. Criaram filmes, stop motion, histórias incríveis sem nunca termos ensinado nada disso, mosrando as aprendizagens trazidas fora do espaço escolar e aqui puderam colocar em prática com autonomia. Olha que potência! Precisamos dar visibilidade! 


Brincar com armas, sentir medo, colocar-se em risco, se sujar... é bem polêmico, mas essencial de se vivenciar na infância. Enfrentar o sucesso e o fracasso, se fortalecer. As crianças precisam sim de segurança, mas sem excesso, sem superproteção. Portanto, devemos considerar o que pode ser benéfico ( que pode fazer parte do repertório de brincadeiras) e apropriado para idade, e o que não for precisa da intervenção do adulto. É possível observar que quando a criança sente medo e avalia que não consegue, ela desiste ou chama um adulto para ajudá-la e cada vez mais vai desenvolvendo sua consciência corporal.

Nós sabemos que as crianças criam armas com qualquer objeto, o próprio corpo em combate, sentir o bem e o mal, sentir-se herói, poder transgredir regras, morrer, matar, viver, reviver. O medo inibe o brincar, deixe-a sentir medo, descobrir seus limites e capacidades, lidar com essas situações.

  • Quando o risco vale a pena
https://www.youtube.com/watch?time_continue=38&v=DCULd07RzpQ
  • A criança que se sente capaz
https://www.youtube.com/watch?time_continue=3&v=viEiCB5zFGM


Penso sobre a importância da criança observar o dia-a-dia na escola, os diferentes cargos, as pessoas trabalhando, o que elas fazem, como fazem. Não precisa chamar o jardineiro para dar uma oficina ou ensinar algo, que tal ele fazer um trabalho no horário em que as crianças possam observar espontaneamente? Elas aprendem observando os gestos, elas imitam. 

Quando precisei dar um "tratamento" nas nossas jardineiras, separei os materiais e as crianças já perceberam meu movimento, começaram a observar, ver o que eu estava preparando e rapidamente me perguntaram "Posso ajudar?","Também quero!","O que você vai fazer?". E assim outras crianças foram se aproximando, todos participaram sem eu chamar, um pouco de cada vez de acordo com o interesse, eu não ensinei como fazer, eles me pediam orientação. Colocar a mão na terra e mexer com plantas é algo que elas buscam demais.

É preciso considerar a necessidade de trazer os elementos da natureza para os espaços que não têm essa condição, possibilitando novas experiências e conhecimentos sobre o mundo. Brincar com água, areia, terra, vento, plantas, flores, sol, chuva.


As crianças buscam suas matérias primas, seja na natureza ou fora dela, se lançam a procura de materiais para dar forma as suas ideias. Um lugar cheio de possibilidades com sucata, materiais não estruturados e materiais artísticos, abrem belos caminhos de invenção. Elas são perspicazes, enxergam além de nós adultos. Criam diversas propostas entre elas mesmas e ensinam umas as outras, por exemplo, fazem pipa com canudo, palito de churrasco, papel, durex, barbante e colocam-na para voar do jeito delas. É uma alegria dar vida as suas ideias!





Essa observação minuciosa e investigativa do brincar no cotidiano, a escuta ativa de cada criança, faz cada vez mais nos questionarmos sobre o que oferecemos, sobre o que é realmente importante se elas aprendem o tempo todo com tudo que fazem. Devemos refletir sobre o que propomos de tempo, espaço, materiais, desafios, currículo. Será que a escola valoriza e investe nesse brincar livre?



Brincar livre é brincar por brincar, com fim em si mesmo.


*Essa é uma reflexão a partir das minhas práticas, estudos e observações, um ponto de vista bem pessoal.


Confira esse vídeo sobre: "O que é brincar? Por que é importante brincar?" 
https://www.youtube.com/watch?v=F92uyPkzmro

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