quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

CONSTRUÇÃO COM SUCATA: investigação, arte e brincadeira



Ao término do projeto “Coleção de tampinhas” no qual juntou-se mais de 1.000 unidades, uma pergunta se fez presente: o que faremos com as tampinhas? Essa inquietação fez com que as crianças precisassem decidir o que fazer com esse material. A primeira ideia foi construir uma fábrica. No entanto, ao procurar traduzir essa ideia, percebemos que  a intenção das crianças estava em divertir as tampinhas, o que fez com que o “projeto da fábrica” se transformasse em um parque de diversões chamado Tampinholândia.
O grupo explorou as tampinhas durante algumas semanas brincando nos cantos, depois resolveram classificá-las para organizá-las e pensaram como as utilizariam nessa construção.
Tiveram contato com alguns vídeos que mostraram como funcionam “engenhocas” e brinquedos que se movimentam construídos com materiais não estruturados, e colhemos algumas ideias possíveis.
A partir das ideias em comum fizemos um grande planejamento coletivo contendo quais brinquedos poderiam ser construídos bem como os materiais que seriam utilizados.
Depois de algumas rodas de conversa as crianças desenharam os projetos, separaram toda sucata trazida de casa por elas e também aquelas que conseguiram com a colaboração da comunidade escolar.
O objetivo era construir um parque de diversões para a coleção de tampinhas, investigando as possibilidades de cada material trabalhado (materiais recicláveis e outros) e as conexões entre eles (com fita crepe, cola quente, cola líquida, durex, fios etc) buscando reproduzir os movimentos de alguns brinquedos.
A brincadeira é pautada no percurso pelo qual passarão as tampinhas, com a possibilidade de criarem um brinquedo grande com um “circuito” em que as tampinhas se divertem. 

*Trabalho realizado em 2013.

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*Todos os direitos autorais das imagens e texto reservados para Marcela Chanan. É proibida sua cópia sem autorização prévia. O compartilhamento da publicação na íntegra diretamente do blog (link e via redes sociais) é livre.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

MISTURAS E INVESTIGAÇÕES: um relato sobre experiências no parque.*

*O artigo foi publicado em novembro de 2013 no site do Território do Brincar e como o mesmo foi reformulado, está fora do ar http://www.territoriodobrincar.com.br/blog-colegio-oswald/misturas-e-investigacoes . Essa reflexão faz parte de uma proposta de parceria com o Projeto Território do Brincar em Diálogo com a escola.




Os momentos de parque proporcionam diversas pesquisas, principalmente, com os elementos da natureza.
Na areia a diversão está por conta das possibilidades que criam: cavam, amontoam, constroem vulcões, percursos com água, restaurantes, comidinhas, mandalas, desafios, armadilhas etc. Usam folhas, flores, frutos das árvores (goiaba, jabuticaba e caqui), pedrinhas, brinquedos para areia. Até o bumba meu boi participou!





Se o dia é quente tem água e daí vira meleca: barro, pé na experiência...aquela alegria! Cavam buracos com tanto empenho que dizem encontrar argila no fundo da areia do parque, além de cores de terra diferentes. Também fazem tintas com plantas, com terra, com giz de lousa ralado na peneira e água, e saem pintando as paredes do parque.




Tenho observado cada vez mais a busca da natureza presente nessas brincadeiras, a relação das crianças com os elementos.
Essa busca por tintas na natureza deu início a um projeto chamado “Descobrindo tintas”: trabalhamos com terra, café, beterraba, farinha, areia etc. Provavelmente essas descobertas instigaram um imaginário ainda maior e impulsionaram, principalmente, as meninas a inventarem novas tintas com os elementos disponíveis neste espaço.





Colher e peneirar pedrinhas da areia também faz parte deste processo. Às vezes passam o tempo do recreio todo fazendo isso e guardamos para usar no outro dia, outras vezes querem levar suas criações para casa.
Trabalhar com a natureza estimula os sentidos, propicia o contato direto com sensações internas e as crianças vão dominando o uso desses elementos. Cada contato atua de forma diferente em cada ser.
 A beleza, a estética também se faz presente: a organização das comidinhas, mandalas e outras criações.
Os materiais não estruturados – as sucatas – são muito interessantes e proporcionam pesquisas com água e areia: encher e esvaziar, verificar as possibilidades das embalagens sobre qual é melhor para que, comparar peso, volume etc. Com estes materiais as crianças usam muito a imaginação e transforma-os em outras coisas, dão um novo valor. E como são adoradas as sucatas! Materiais simples que potencializam a capacidade de criar dos pequenos.
       




É encantador vê-los transformar estes objetos em brincadeiras tão prazerosas e envolventes.
Percebo que essas investigações unem o grupo, pois sempre há quatro ou mais crianças interagindo.
Em todas essas situações a intervenção do adulto tem sido indireta. Algumas vezes nos envolvemos na brincadeira, sentamos na terra, nos molhamos juntos e outras vezes observamos essas pesquisas para poder entendê-las, conhecê-las e participar. As crianças sabem que estamos disponíveis para brincarmos juntos e para lhes ajudar com suas ideias, por exemplo, é recorrente que nos peçam objetos ou outras coisas para complementarem as brincadeiras.
Toda essa observação é possível porque respeitamos o tempo das brincadeiras. Priorizamos essas investigações e também as guardamos para continuar no outro dia. As intervenções não restringem e sim sintonizam, dialogam com o brincar sem direcionar.

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sexta-feira, 15 de novembro de 2013

BRINCAR NA PRAÇA: uma breve reflexão


“Memória”

“ Houve um dia aqui uma praça
Onde tantas crianças cantavam
Houve um dia aqui uma praça
Onde os velhos sorriam lembranças
Houve um dia aqui uma praça
Onde os jovens em bando se amavam
E os homens brincavam trabalhando
Um trabalho sem desesperança
Digo meu filho que esse jardim
Era o viço da vida vingando
Digo meu filho que esse jardim
Era o branco dos dentes brilhando
E a festa da vida seguia
Pelo o franco dos gestos libertos
Digo de fresca memória que não aqui não havia
Do medo este cheiro
Digo de fresca memória que não aqui não havia
De estátuas canteiros
Houve um dia aqui uma praça,
uma rua, uma esquina, um país
houve crianças e jovens e homens e velhos
um povo feliz.”

(Gonzaguinha)


Uma das minhas observações frequentes ao viajar pelo Brasil ou por outro país, é verificar como e por quem o espaço público é utilizado, e se há condições de ser frequentado.

É muito perceptível o quanto a vida das pessoas muda quando esse espaço passa a fazer parte da comunidade e ganha um valor especial: momentos de encontros, de brincar, de descobertas, de se divertir, de ler, de passar o tempo, de conversar, de fazer piquenique ou churrasco; de conhecer pessoas, namorar, jogar bola, ouvir música, misturar as “tribos” e faixas etárias, trocar, contemplar, ter contato com a natureza, ter liberdade etc. Uma vivência muito valorizada.

A praça como um lugar de circulação e de permanência, onde se guarda memória. Possibilita encontrar-se com sua própria cidadania, dar vida ao espaço, cuidar dele. Um local perfeito para a interação social, as manifestações e as festas. O contrário do que nossa sociedade alimenta: shoppings, condomínios fechados e escolas muradas.

Infelizmente o espaço público não é muito privilegiado aqui em São Paulo: a maior parte das praças ficam abandonadas e os parques sempre lotados. Parquinhos para as crianças brincarem ao ar livre são raríssimos e na maioria das vezes, existem porque os moradores ou alguma empresa privada é que toma iniciativa reorganizá-los e mantê-los.

Pensando nos espaços públicos na cidade, lembro-me que brincava bastante em praças e atualmente vejo pouco esta prática. O brincar na praça possibilita o resgate das brincadeiras tradicionais e brinquedos dos parquinhos. A criança caminha por caminhos mais livres, tendo a possibilidade de usar a imaginação e a criatividade. Interagindo com outras crianças e conhecendo-as, elas têm a oportunidade de conhecer as pessoas que vivem ali próximas e/ou que tem os mesmos interesses, ampliando seu círculo social e o contato com a natureza.

   Agora pare e retome por um instante como são suas lembranças de brincadeiras em praças e rua? Tenho certeza que são memórias agradáveis, afetivas e cheias de saudades! Possibilidades que só poderiam ser realizadas naqueles espaços específicos. Espaços esses fora de casa, com liberdade e com crianças maiores cuidando das menores.

A organização atual da sociedade mudou muito: as famílias já não têm a mesma formação que antigamente, a escola ganhou novos desafios e caminhos, a maneira como as crianças brincam (influenciadas por novos brinquedos e pelo consumismo), as casas diminuíram e os espaços para brincar consecutivamente.

A transformação da metrópole resignificou este espaço público de forma que se tornou dispensável. Mesmo com reivindicações para melhoraria das praças, há pouco investimento. Nas cidades pequenas é bem visível como a população usa a praça daquela mesma forma antiga e já nos grandes centros urbanos elas ficam abandonadas em meio às construções....

Conheça um movimento que abraçou essa causa: http://movimentoboapraca.com.br/







quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A EXPERIÊNCIA DE VIVENCIAR REGGIO EMILIA


Grupo de Estudos 2013



Em maio de 2013, passei uma semana com o grupo de estudos da Red Solare América Latina em Reggio Emilia para aprender mais sobre a abordagem.

Tanto na faculdade quanto nas escolas onde trabalhei ouvi falar dessa proposta e fui apresentada ao livro "As cem linguagens da criança". Nessa época achei incrível, entretanto não conseguia relacionar com a realidade brasileira, parecia muito distante.

Alguns anos se passaram, novas experiências, estudos e uma necessidade emergiu: respeitar mais a voz das crianças, ouvi-las, considerá-las e não chegar com toda proposta pronta em sala de aula. 

O trabalho com projetos, a pesquisa, o protagonismo infantil, a arte e o brincar me cativam demais. Muito me agrada espaços com terra, árvores, flores, animais, brincar sem camiseta, descalço, com meleca, água, tinta...

No início do ano me inscrevi em um grupo de estudos sobre Reggio Emilia para aprofundar meus conhecimentos e fiquei muito interessada em conhecer a cidade e decidi continuar os estudos por conta própria. 

Somente com as leituras e reflexões não eu estava satisfeita e queria formar minha própria opinião. 

Vivenciar, conhecer, tirar dúvidas pessoalmente, "ver com os próprios olhos" me fez mudar de opinião sobre alguns aspectos e a abordagem me pareceu mais próxima, devido a compreensão do contexto. Hoje minha experiência me ajuda a observar melhor as possibilidades de diálogo, coletei muitas ideias e embora seja realmente maravilhoso, voltei de lá pensando "O que seria possível trabalhar na nossa realidade?". 

Não dá para importar uma abordagem de outro contexto e aplicá-la em outro. Não é porque trabalham de tal maneira lá que faremos igual aqui, Reggio para mim é uma inspiração, uma fonte para aprender muito!

Mantive o olhar crítico e procurei entender como é o trabalho dos professores: quais são as condições de trabalho, que contexto é esse, que sociedade, que valores etc.

Permaneci na cidade todos os dias depois dos seminários, andei bastante para fotografá-la, vivenciá-la e compreendê-la.

Confira as fotos: 

https://www.facebook.com/media/set/?set=a.454668847983685.1073741829.100003217211598&type=1&l=f87c0ea657


Esses foram os temas abordados:
  • Contexto histórico
  • Projeto educativo
  • Visitas às escolas
  • Escola e cidade
  • Observação, documentação e interpretação
  • Inclusão
  • Ensino Fundamental I
Nesta apresentação que fiz no Prezi descrevo um pouquinho sobre cada item:


Nesta outra apresentação há mais fotos que peguei no google mesmo e que ilustram bem o trabalho: 

http://prezi.com/vxg4yplurivf/untitled-prezi/?utm_campaign=share&utm_medium=copy


Foi importantíssimo voltar e retomar os textos, as leituras tem cada vez mais ganhado um novo sentido. Também pude avaliar o meu trabalho, minhas escolhas e voltei bem feliz! Aqui no Brasil também fazemos trabalhos riquíssimos e de muito valor.

Meu objetivo neste artigo é compartilhar um resumo breve de como foi a MINHA experiência. Acredito que cada ser é único, com sua história e suas vivências, então cada um faz sua leitura, algumas se encontram e outras se desencontram.

Registros de algumas informações...


Na creche de 0 a 3 anos perguntamos sobre relatórios e elas não fazem. A avaliação  são reuniões com os pais individuais e reuniões coletivas onde se apresenta o fim de um projeto com o desenvolvimento do grupo todo, priorizando o grupo. Na escola até 5 anos não perguntamos.


Em Reggio as crianças utilizam muito a tecnologia de uma maneira livre, a escola aproveita os conhecimentos que vem de casa, as professoras não ensinam.

Todas as filmagens que assisti percebi uma separação por gênero entre meninas e meninos (mas também foram recortes da realidade deles).

Algumas atividades duram mais de 1h30 min com um grupo de 3 crianças e dois adultos: um filmando e outro observando. Nas apresentações que assistimos sempre há muitos adultos envolta de uma situação com poucas crianças.

Não há mostra de trabalhos e sim cada turma apresenta seu trabalho ao termino de cada um.

Disseram que há um currículo, mas não foi divulgado.

A matemática e a língua são ensinadas por meio das brincadeiras que surgem e não usam os nomes das disciplinas porque na educação infantil nem existe essa fragmentação, só o professor é que sabe.
Usam a escrita para comunicar algo que precisam: troca de cartas, mapas de desenhar, quadrinhos, falas nas argilas, jornal para os pais, folhetos..é uma iniciativa das crianças e a organização também é por conta delas.
Há muitas brincadeiras de contar, classificar, ordenar, dividir...utilizando elementos da natureza, brincando no mercadinho, participando de jogos com regras, desenhando, contando os amigos presentes, usam balança para pesar etc.

Utilizam o contexto, não há sequências ou fichas.

Muito cuidado e beleza com a estética do ambiente.


Há um centro de reciclagem criativa chamado REMIDA que recebe materiais industriais descartáveis de empresas. Estes materiais são utilizados nas salas de aula com as crianças para investigações, pesquisa e brincadeira. Há pouquíssimos brinquedos por lá.

O trabalho acontece sempre em pequenos grupos, caso contrário seria outra abordagem.

As crianças são acostumadas desde pequenas com as mudanças de estações que influenciam muito o trabalho na escola, eles levam materiais naturais.


Do interesse de um pequeno grupo nasce um projeto para o grupo todo. Os percursos são gerados pelo interesse das crianças, não sabe quanto tempo irá durar.

As salas têm um tema em comum para se aprofundar, em 2013 é a figura humana.

A argila é levada ao forno e se transforma em cerâmica, por isso tão linda!
Muitos desenhos de observação e com flores naturais.
Tem exposição de arte até nos banheiros!

As crianças em trios usam a cozinha industrial para culinária. Eles também arrumam a mesa do almoço para os colegas.
Não há biblioteca, os livros estão espalhados em diferentes lugares da escola. E em momentos de produção, por exemplo, vi livros abertos nas mesas para as crianças observarem as imagens.

Não tem lousa, só pequena para brincar.

Na rotina escolar nem todas podem escolher a mesma proposta, eles aprendem a esperar e fazer em outro momento. Isso porque são organizadas várias propostas com diferentes áreas de interesse. 
Não é obrigatório participar, também aprendem observando.

Não tem aulas de inglês na educação infantil, há inserções de vivências de adultos da comunidade e livros, eles recebem muitas crianças com culturas diferentes. 

Preparar um espetáculo já é um projeto.


Todas essas informações foram recebidas durante as visitas as quatro escolas que pude conhecer. Também fui informada que nem todas as escolas italianas seguem esta abordagem.



Para saber mais sobre a abordagem acesse o site do Centro Internacional Reggio Children http://www.reggiochildren.it/centro-internazionale-loris-malaguzzi/?lang=en e do Centro Internacional Loris Malaguzzi.

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Dica de algumas leituras:





terça-feira, 1 de outubro de 2013

SOBRE O TRABALHO COM LEITURA COMPARTILHADA*

*Neste artigo cito algumas partes de textos divulgados no blog e na apostila de estudos da Escola da Vila.

O que seria leitura compartilhada?[i]
Acompanhar, em seu próprio exemplar, a leitura de um título a ser feita pelo professor. 

Porque leitura compartilhada?
As leituras compartilhadas destacam-se como situações favoráveis à reflexão e à discussão sobre o lido. São momentos dedicados à apreciação, à troca de impressões e opiniões e ainda à análise de elementos literários, entre eles, o papel de narrador, as mudanças vividas por um personagem central, as motivações de personagens para determinadas atitudes, a linguagem usada pelo autor para se referir a um evento ou mesmo para descrever personagens e situações, o tempo em que se passa a historia e o tempo em que é contada, etc.
As leituras compartilhadas, assim como os demais espaços destinados ao contato com a literatura, contribuem para a participação dos alunos numa comunidade escolar de leitores, na qual avançam não apenas em suas competências para enfrentar obras e autores diversos, mas também em suas possibilidades de refletir, analisar e argumentar.

O papel do professor
Para que ampliem suas possibilidades de compreensão e apreciação é fundamental que contem com a mediação do professor, que tem a função de favorecer e instigar a observação de aspectos da obra que passariam despercebidos e que se colocam como necessários para a atribuição de sentidos e significados. 

Para saber mais...[ii]
  • Compreender de forma segura que a leitura compartilhada é a base da formação de leitores.
  • Reconhecer a importância desse espaço de leitura que procura solucionar dois problemas que enfrentamos: a falta da leitura familiar e o ensino baseado na leitura de um acervo reduzido de obras cuja interpretação é monopolizada pelo professor.
  • Compartilhar com entusiasmo, a construção de significado, as conexões estabelecidas entre os livros.
  • Compartilhar leituras nos primeiros anos de vida duplica a possibilidade de tornar-se um leitor; falar sobre livros com as pessoas que o rodeiam é o fator que mais se relaciona com a permanência de hábitos de leitura.
  • Compartilhar é importante porque possibilita o leitor beneficiar-se da competência dos outros para construir o sentido e obter o prazer de entender melhor os livros. Também permite experimentar a literatura em sua dimensão socializadora, fazendo com que a pessoa se sinta parte de uma comunidade de leitores com referências e cumplicidades múltiplas.
  • Selecionar livros que, ao serem compartilhados, ofereçam alguma dificuldade ao leitor para que valha a pena investir neles o tempo escolar.
  • Implica um esforço de construção dos alunos.
  • Compartilhar as leituras não apenas estabelece vínculos entre os leitores de alguns livros em um momento determinado, como nos conecta com sua tradição cultural. A escola deve velar para que assim seja, já que as novas gerações têm direito a não ser despojadas da herança literária da humanidade. Sem ela, as crianças se acham condenadas, como Peter Pan, a viver em um lugar de eterno presente, em que tudo se esquece de imediato.
OBJETIVOS
  • Ampliar esse apropriar do vocabulário e de expressões típicas
  • Desenvolver o prazer pela leitura
  • Aprender a manusear o livro (índice e páginas)
  • Acompanhar a leitura
  • Ampliar o repertório literário
  • Compartilhar experiências leitoras
  • Confrontar interpretações
  • Estabelecer relações com outros textos
  • Ouvir com atenção a leitura
  • Identificar características típicas deste tipo de texto
ENCAMINHAMENTOS:
  • Formular previsões sobre o texto a ser lido.
  • É possível fazer paradas estratégicas para discutir a história e fazer previsões. Pare num momento de clímax da história. Converse com os alunos sobre como imaginam que a história vai continuar.
  • Formular perguntas sobre o que foi lido.
  • Com que tipo de história eles relacionam a do livro? Eles se lembram de alguma outra história parecida com ela? Qual?
  • Esclarecer possíveis dúvidas sobre o texto.
  • Abrir para ouvir as interpretações, como cada um compreendeu
  • Resumir as ideias do texto.
  • Relações entre texto e imagens
ORIENTAÇÕES:
  • Informe aos alunos que eles vão ler uma história, de forma compartilhada. A leitura será feita com o objetivo de aprender e, também, por prazer.
  • Combine com os alunos a data em que todos devem ter o livro.
  • Combine quantas vezes por semana acontecerá a leitura.
  • Falar um pouco sobre o autor e apresentar o livro
  • Ler o título do livro e fazer com os alunos uma exploração da ilustração da capa.
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[i] Fonte: LUIZE, Andrea. A leitura compartilhada nas classes de fundamental I. Disponível em http://www.vila.com.br/blog/?p=3033 acesso em 29-9-2013

[ii] Fonte: VILA, Centro de estudos. Intervenções do professor nas situações de leitura compartilhada nas classes de Fundamental I. São Paulo, 2012.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

DESENHO INFANTIL: observar, compreender e alimentar!


Durante a infância, o desenho se desenvolve de forma espetacular!
Nesta etapa do desenvolvimento (3 a 6 anos), as crianças já passaram pela fase das garatujas (rabiscos) com as quais procuram o controle dos movimentos e dos materiais. Suas marcas começam a se modificar, conquistam formas de novelos, círculos, bolinhas e ganham mais espaço na folha. Depois disso, os desenhos começam a conquistar novas formas com figuras fechadas e inscrições por dentro e por fora; e assim inicia-se a construção da representação humana e, a partir daí, a representação de formas variadas. 




Acredito na necessidade do desenho fazer parte da rotina todos os dias. Um aspecto que norteia essa ideia é que trata-se de um fazer cultivado: desenhar diariamente, apreciar as próprias produções, as dos colegas ou de artistas são formas de ampliar o repertório gráfico.

Essa forma de trabalhar baseia-se em propiciar o fazer, o apreciar e o refletir. As possibilidades podem acontecer individualmente ou em grupo.

As propostas não determinam o percurso criador, ao contrário, alimentam-no e colocam novas questões e desafios para que ele se transforme. Considero uma boa proposta é aquela que revela a forma como cada aluno se expressa. 

Procuro observar os desenhos ressaltando o percurso de cada um, as conquistas, as ideias e os elementos novos. Valorizando também os que não figuram.

Algumas práticas reprimem a criança: dizer-lhe que ela não desenhou nada ou que são rabiscos pode bloquear ou romper o desenvolvimento de sua criatividade. Comentar apenas que está lindo não diz nada, porque o conceito de bonito e feio é diferente para cada ser humano.

Cada criança tem uma relação com o desenho. Algumas investem na repetição de alguns temas, outras evocam coisas que fazem parte do mundo dos desenhos, filmes, brinquedos e de suas paixões por certos objetos, animais ou formas. Cada uma tem uma intimidade estabelecida com essa linguagem, desenhar é uma aventura onde eles ampliam suas possibilidades de olhar e produzir.

Na criação as crianças demonstram muita ludicidade: brincam, jogam, inventam, narram, conversam, trocam. São capazes de permanecer um bom tempo envolvidos com seus traçados. 

Considero que o contato regular com a diversidade de materiais favorece o conhecimento mais profundo de cada um deles e permite a criança se concentrar em sua ação e não apenas com o que fazer. Pensando em desenho, há diversas possibilidades:


Desenho livre ou espontâneo



Quando a proposta é livre, o objetivo é que tenham um momento de criação a partir de seu próprio repertório e da utilização dos elementos da linguagem que trabalhamos no cotidiano.



Desenho a partir de uma apreciação


Apreciar ilustrações de livros infantis, as próprias produções, as dos colegas ou as de artistas são formas de ampliar o repertório gráfico. Ao apreciar, a criança pode estabelecer uma correlação com suas experiências pessoais.

Essas apreciações contribuem para observar e identificar imagens diversas, conhecer a diversidade de produções, artistas e linguagens, observar os elementos da linguagem apresentada e a diversidade de possibilidades, assim como ampliar seu conhecimento de mundo e de cultura.

Contribui para que as crainças deixem de lado as figuras padrões e percebam que não há uma única forma de representar determinada coisa.

A exposição dos trabalhos nos murais é muito importante, pois valoriza e propicia a leitura da própria produção, das dos demais colegas e até as de outros grupos.


Desenho com interferência



Essa modalidade desenho pretende provocar, subsidiar a produção das crianças. Essa interferência pode ser um traço, uma linha, colagens ou diversos fragmentos, que a criança usa como parte do seu desenho. Quando a interferência oferece parte de uma representação – apenas uma cabeça, por exemplo -, ela sugere que a criança faça um desenho específico – neste caso, uma figura humana. 

Os suportes também fazem parte das interferências: diferentes tamanhos de papéis, formatos variados, papéis vazados, etc. Se divertem com as novas possibilidades de seus próprios desenhos estimulando a criatividade e a imaginação.

Desenho temático 
Neste o professor junto com as crianças determinam o tema: brincadeira, monstros, família, autorretrato, personagens de histórias etc.

Desenho gêmeo 
É a cópia de um outro desenho de um amigo. Um desenha e o outro copia.

Desenho da imaginação 


A criança cria algo novo ou pode ser estimulada como, por exemplo, enfiar a mão dentro de um saco de tecido e tentar descobrir com o toque o que objeto tem lá dentro, depois desenhar e por último conferir o que era.



Desenho de observação

Quando penso no desenho de observação considero a observação de um modelo real. Conversamos muitas vezes sobre este tipo de desenho e eles percebem que assim aprendem a desenhar  e investigar coisas que não sabiam. Não se trata de fazer uma cópia, mas de criar uma situação que torne observável detalhes, formas e cores.


Desenho de memória
Neste me refiro a imagens guardadas na mente. Por exemplo, lembrar-se de algum evento ou situação passada e desenhar.

E outras possibilidades de desenho que a diversidade de materiais proporciona aliada a criatividades do professor.


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Para saber mais...
  • Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil - Volume 3. Brasilia: MEC/SEF, 1998.
  • IAVELBERG, Rosa. O desenho cultivado da criança: prática e formação de educadores. São Paulo: Zouk, 2006.            
  • MEREDIEU, Florence De. O desenho infantil. São Paulo: Cultrix, 2006.
  • ALBANO MOREIRA, Ana Angélica. O espaço do desenho: a educação do educador. São Paulo: Loyola, 2008.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

CULTURA POPULAR BRASILEIRA: a Festa Junina e suas manifestações regionais*

*O projeto foi realizado em 2012 e foi incluído ao currículo da escola. Foi apresentado no ICLOC - 2013.


No mês de Junho, as crianças são convidadas a ensaiar uma dança para se apresentarem na Festa Junina da escola e permanecem envolvidas pela alegria de participar e recordar o quão prazeroso é esse momento.

Por esse motivo refleti sobre a necessidade e a oportunidade de se trabalhar com a Cultura Popular Brasileira em um período mais amplo, aproveitando os conhecimentos que aprendi na formação de professores do Instituto Brincante.

Escrevi um projeto com 2 meses de duração, comecei a colocar em prática e complementá-lo a cada nova ideia, pesquisa e/ou apontamentos das crianças. Priorizei mantê-lo 3x por semana.

Como era professora de duas salas de 1º ano (matutino e vespertino) proporcionei as vivências nos dois períodos: no 1º B com 18 crianças e no 1º D com 20 crianças, sendo que uma das crianças tinha necessidades especiais, mas não foi necessário grandes adaptações.

Retomando aos festejos, todo mês de junho lembramo-nos dos quitutes de Festa Junina, da alegria dessa celebração e também dos trajes especiais para essa data, porém, esquecemos de nos perguntar: 

Qual o significado dessa festa? Quais são suas origens? Quais são as comidas e as danças típicas? E na escola, o que as crianças aprendem sobre os festejos? A escola contribui para aprendizagem das crianças ou só comemoram esta data?


Retomei por alguns instantes quais eram minhas lembranças das Festas Juninas que vivenciei: Em que lugares elas aconteciam? Como eram as brincadeiras? Tinha fogueira? Balão? Bombril com fogo? Quais danças? . Depois de pensar em todas estas questões, voltei para atualidade e me perguntei: Qual a ideia que as crianças têm sobre a Festa Junina? Qual o contato real delas com essa celebração? Será que seria se vestir de caipira e gastar dinheiro com brincadeiras para ganhar as prendas?

Então acreditei ser uma ótima oportunidade para que os pequenos conhecerem as origens da festa e sua história, começando por perguntar o que sabiam sobre a festança - conhecimentos prévios.

As crianças de seis anos, já têm condições de compreender parte da origem dessa festa - como as influências de outras culturas e parte de sua simbologia. E para que possam iniciar a reflexão sobre essa festança e suas transformações, ter contato com diferentes manifestações e perceberem a riqueza de capricho, semelhanças e diferenças entre os costumes das regiões; o Projeto oportunizou refletir sobre a diversidade das manifestações, percebendo semelhanças e diferenças regionais.

As crianças puderam vivenciar boa parte dessas manifestações, conhecer as características da festa junina valorizando e incentivando o trabalho cooperativo, levando-os a conhecer os costumes e as tradições.

A descrição das etapas de desenvolvimento do projeto é a forma mais clara para compartilhar o caminho deste estudo.

Primeiramente, compartilhei com as crianças que iniciaríamos um projeto em que estudaríamos sobre a Festa Junina, a partir da lista que fizemos na primeira roda de conversa e que iríamos conhecer diversas manifestações. Contei à elas que essa era uma festa tradicional do Brasil e se mostraram surpresas em ser evento tão especial.

Primeiro, quis saber o que eles sabiam (conhecimentos prévios) e depois deixamos a lista no mural para confirmarmos as hipóteses e acrescentar ou excluir elementos.

Após apresentar o projeto, retomei a lista do mural e em roda destrinchamos alguns elementos que listamos anteriormente, por exemplo, no item DANÇAS perguntei "Quais vocês conhecem?" E assim, item por item (Músicas, brincadeiras, comidas, instrumentos, trajes etc).

Feito isso, o objetivo agora era registrar por meio do desenho o que já sabiam sobre a festa ou que mais gostavam. Para uma turma ofereci folha de sulfite A4 e bandeirinhas recortadas de papel lumipaper e para outra deixei que os pequenos recortassem as bandeirinhas de papel color set. Os grupos produziram desenhos cheios de saberes: registros de danças, brincadeiras e vestimentas.



O próximo passo, foi iniciar a leitura do livro Bandeira de São João do autor Ronaldo Britto e Assis Lima. Apresentei o livro, contei que não era uma narrativa e sim uma peça teatral, então a organização e como se conta seria de um jeito diferente. E para cada personagem projetei uma voz diferente, foram 15 cenas lidas em 3 aulas, os grupos gostaram muito da contação e da história que foram descobrindo.

Na etapa seguinte, fomos ao auditório apreciar obras de arte NAIF  - selecionadas no google.  Contei a eles que esse tipo de arte é feita por pessoas comuns (sem cursos ou técnicas aprendidas em escolas) que pintam e seguem um tema (manifestações populares), um estilo (muitas cores e elementos, contorno etc). Quando mostrei a primeira imagem eles reagiram com surpresa, acharam muito bonito, cheio de informações e detalhes. 

Observaram cerca de 6 obras e tirei algumas dúvidas sobre elementos que apareciam e não sabiam o que era, por exemplo, a brincadeira de pau de sebo. Terminada a apreciação perguntei: Quais elementos novos vocês estão reconhecendo como de festa junina observando essas obras? Retornei as imagens e fui passando uma a uma para me responderem: igreja, balão, fogueira, bois, fogos de artifício etc.


Em outro dia, realizamos uma leitura compartilhada de um texto organizado por mim sobre a origem da festa e tradições. Com este texto em mãos pudemos conversar sobre a origem, o porque da celebração, as diferentes manifestações pelo país, as tradições e os costumes. Foi gostoso vê-los interessados, questionando, refletindo e criando ideias sobre o assunto. Acredito que ficaram mais próximos do sentido dessa festa, pois o texto foi bem esclarecedor. Um dos assuntos que trouxe curiosidade foi: "então o que exatamente são as comidas típicas?" E com este texto pudemos conhecer um pouco mais.

Como essa leitura também tinha deixado certa curiosidade sobre as danças, na próxima semana, convidei-os a assistir alguns vídeos no auditório. Na primeira vez, assistimos a lenda do Bumba-meu-Boi, uma reportagem sobre Festas Juninas e a dança da Carambola – filmada no ano anterior - que eles ensaiariam para se apresentar na festa da escola. Na segunda vez, assistimos uma apresentação de Baião, Dança de Fitas (RS) e Quadrilha. É impressionante o quanto elas gostaram, mantiveram-se atentas, participativas e questionadoras.

Uma criança me perguntou o que era cultura e fizemos uma roda para discutir. Algumas crianças quiseram falar o que era: canal de TV, livraria, música e artes. Depois, contei que cultura era o conhecimento (todos os hábitos, os costumes, celebrações etc ) que o povo inventa e vai passando de geração em geração, tem a ver também com o passado do nosso país, com a história do nosso povo. Na leitura compartilhada sobre as origens da festa conversamos um pouco sobre quem eram os europeus, os indígenas e os africanos.

Aproveitei e comuniquei as crianças que durante alguns momentos da rotina ouviriam cds com ritmos presentes na Festa Junina ( CD Recreio, Forró para crianças, Luiz Gonzaga e outros). Foi encantador ver como as crianças se interessavam em ouvir, cantar e se divertir com as músicas.

A etapa seguinte, foi contar que no Nordeste faz parte da cultura do povo aproveitarem sucata, elementos naturais e objetos do cotidiano para criar brinquedos, além de materiais como papel crepon e seda. E que eu tinha aprendido no curso que faço, construir um Bumba-meu-Boi com caixa de papelão, caixa de leite e de suco. Assim, construí o boi com as crianças em roda, mostrando passo-a-passo e contei que depois que o enfeitarmos, o utilizaríamos para brincar de pega-pega. Essa construção durou mais 3 etapas: pintá-lo todo de preto, decorá-lo com tinta de várias cores e depois prender o rabo e a saia de tecido chita.

As crianças participaram com muito ânimo, em grupos pequenos cada um ajudou de uma forma, todos participaram, ansiosos para o dia do boi ficar pronto e poderem brincar. Quando esse dia chegou, a alegria tomou conta desses pequenos e aproveitamos para organizar o pega-pega com passos da dança. Pura diversão!

Retomei em roda, que iriamos descobrir mais informações sobre o Bumba-meu-Boi, lendo um trecho do livro Festas e Tradições da autora Nereide S Santa Rosa, que falava sobre os outros nomes que o boi ganhou ao espalhar-se pelo país: Boi Barroso (RS), Boi-de-Mamão (SC), Caprichoso e Garantido (AM) e Boi-Bumbá (PE). 

A descoberta ganhou suspiros, pois quando as crianças aprendem uma coisa, elas se apegam aquele jeito como se não existisse outro, e quando li sobre a existência desses bois, rompi a ideia de que só havia um tipo. E é perceptível o quanto é agradável, perceberem que não é sempre que há uma única forma.






Em uma próxima etapa, apresentei o Boi-Bumbá que eu tinha em casa de cerâmica e contei que iríamos modelar um também, mas não era para ser igual aquele, era só um "modelo", e que depois enfeitaríamos de outro jeito para ficar bem especial do jeito de cada um. Apreciamos diversas imagens de "bois juninos" da internet.

Separei um pedaço de argila para cada um e antes deles começarem, modelei o meu em roda e dei dicas para dar certo: puxar o pescoço direto do corpo, o chifre ser um pouco grosso e não ter emendas porque depois que seca desgruda. Todos puderam contar com minha ajuda e da auxiliar de classe.

A modelagem passou por várias etapas: modelar e secar, apreciar imagens de bumba-meu-boi e escolher a cor, escolher a estampa do tecido para saia e colar junto com o rabo, decorar com fitas de cetim, usar tinta guache e pincel fino para detalhes do olho e do chifre; e para finalizar enfeitar com cola glitter e lantejoulas. Foi com muita satisfação, que as crianças produziram cada etapa, empenhadas e envolvidas até o término.





Ajudar a colar as bandeirinhas de papel de seda da escola, também fez parte do projeto para que os pequenos participem da organização da festa, outra tarefa foi confeccionar bandeirinhas com sacolas de papel trazidas de casa, envolvendo as famílias nesse processo.

Ensaiamos durante 6 dias a dança da Carambola para se apresentarem no dia da Festa Junina  e como elas encaram com seriedade essa aprendizagem!

Retomei em roda a apreciação das obras de arte NAIF que observamos anteriormente e selecionei algumas para deixar expostas no mural da sala, relembramos observações sobre essa pintura e logo depois, a proposta era fazer uma pintura na cartolina A4. Primeiro pensaram em um tema da Festa Junina, depois traçaram suas ideias com pincel e tinta preta, terminado os contornos começaram a colorir com cores bem fortes e alegres. As crianças produziram pinturas muito ricas e detalhadas.




Em outra roda, li uma história de uma revista Recreio com tema de Festa Junina: falava de uma festa em uma quermesse e as crianças conheceram novos elementos como a brincadeira do correio elegante, a cadeia, as argolas etc.

Outro item da lista para pesquisarmos, eram as comidas típicas e as brincadeiras. Em rodas as crianças escolheram 2 receitas para fazermos na escola: bolo de fubá e pipoca. Elas trouxeram os ingredientes, conversamos sobre de onde vem o fubá e preparamos juntos. A pipoca foi feita com um pouco de margarina e não colocamos sal, me questionaram sobre essa decisão e disse que na margarina já tinha sal e o excesso dele faz mal para saúde, logo uma criança falou “Então é pipoca saudável!”, eles estão acostumados com pipocas de microondas ou de pipoqueiro que vem com muito sal e se deram conta que realmente não precisava de mais, estava gostosa assim.

Já nas brincadeiras, pensei em algumas que não fossem as que normalmente têm nas festas e resgatei em um site na internet algumas ideias.  Brincamos de corrida do saco, corrida do ovo na colher, passa chapéu, estoura bexiga e encontre os sapatos. Essa parte foi pura empolgação! Todas as brincadeiras menos a passa chapéu (parecido com batata quente), precisavam de duas equipes, foi importante perceberem que a cooperação é boa para todos. Não houve desrespeito, choro ou discussões. Participar e se divertir foi o maior objetivo deles.

A etapa final do estudo, corresponde à confecção de estandartes.  Utilizamos materiais como: papelão, tecido estampado e cru, caneta de ponta porosa, miçangas, lantejoula, cola glitter, bandeirinhas de fita de cetim e formas de docinhos.

Em roda, retomei a utilização dos estandartes, mostrei algumas imagens impressas da internet como esta abaixo e também apresentei os santos celebrados, neste caso não me aprofundei na questão religiosa, apenas mostrei as imagens e disse que eram como anjos, eles lembraram a simbologia das bandeirinhas e eu disse que tinham pessoas que acreditavam na realização dos pedidos e outras não. Depois da conversa, cada um escolheu qual santo representaria, e pontuei que para desenhar São Pedro, precisava ser um “velhinho” com barba e a mão levantada para cima, São João  tinha um menino de cabelos enrolados e um carneiro no colo e Santo Antônio um homem “meio careca” com um bebê no colo. Perguntei se eles sabiam o que era aquela luz envolvendo a cabeça deles e alguns me disseram que eram as auréolas e eu disse que era como se fosse, mas um pouco diferente e que quem quisesse poderia acrescentar ao desenho. Foram 4 etapas: escolha do tecido, desenho do santo, decoração e colar as fitas de cetim. Foi um sucesso! Cada estandarte feito com  maior capricho! Pude perceber o quanto em todo momento do projeto eles se envolveram e realizaram as produções com muito carinho, cuidado e respeito aos demais. Terminamos no último dia de aula.


Além disso, fez parte deste projeto atividades de Língua Portuguesa. Aproveitei o tema, para desenvolver lições de  leitura e escrita, não era o foco, mas como atuo com alfabetização as atividades puderam contribuir para melhor reflexão e compreensão do assunto tratado. Também tiveram outras situações não descritas como uso do mapa brasileiro, o contato com um instrumento musical (triângulo), a brincadeira do Boi-de-mamão etc.



Combinamos que parte deste projeto será compartilhado com as famílias na Mostra de Trabalhos do 2º semestre, depois disso levariam a modelagem de boi e o estandarte para casa.

Apresentei este trabalho para equipe pedagógica da escola onde trabalhava e foi um sucesso e a escola decidiu incorporar este projeto na grade curricular 1º ano.

Ao finalizar o projeto com as crianças tive certeza de que elas conheceram e se encantaram com nossa cultura, foi muito prazeroso realizar este projeto e vê-los envolvidos como eu sou pela cultura brasileira e fazê-los refletir sobre a diversidade cultural.

A intenção deste estudo era justamente aproximá-los da Cultura Popular Brasileira e esta tarefa foi realizada satisfatoriamente, o olhar para Festa Junina já não era mais o mesmo de antes e pude perceber isso durante os comentários realizados por eles durante o projeto, a intensa curiosidade, o prazer da descoberta.

Finalmente, percebi que a realização desse projeto propiciou a todos - a professora, a escola e as crianças -, um conhecimento maior sobre o porque dessa festança ou a motivação por procurar saber.

Para minha formação foi muito importante desenvolver e vivenciar o projeto, e para elaboração do mesmo precisei aprofundei meus estudos em ciências sociais e nas diversas maneiras que poderia trabalhar essa área do conhecimento com meus alunos, sempre pensando em alternativas de ensino que fossem significativas e lúdicas. 

Uma outra turma de 1o ano foi contagiada e com apoio de um material que tinha sobre Boi de mamão, também trabalharam a temática.

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