*Trabalho apresentado no Simpósio da Escola da Vila em 2007.
“A cultura popular não é uma coisa morta que precisa ser relembrada. Ela
é viva, imensa e ocorre o tempo todo, em todos os lugares, todos os dias do
ano”.
Ricardo
Azevedo
Introdução
O meu tema
de estudo é A literatura oral brasileira com crianças de 6 anos. Trata-se
da apresentação de uma seqüência de leitura de lendas e contos tradicionais que
planejei e encaminhei. O texto abordará algumas questões sobre as ilustrações,
o diálogo, a censura e a leitura; destacará o envolvimento deste trabalho e a contribuição
da literatura oral para as crianças desta faixa etária e também a ação do
professor na roda de história.
O que é literatura oral?
Existem duas fontes vivas que diz respeito ao que é literatura oral: uma
que está estritamente relacionada ao oral (histórias, danças, canto, rodas,
jogos, cantigas, anedotas, lendas, adivinhações, etc) e outra que são as
reimpressões de antigos livrinhos vindos da Espanha e Portugal, que nos trazem
assuntos da época, política, fábulas, criações de gênero sentimental, etc.
A literatura
oral brasileira reúne todas as manifestações da recreação popular, mantidas
pela tradição, e é composta por elementos trazidos por três povos: indígenas,
portugueses e africanos. Dentro da literatura oral não está somente presente a
oralidade, mas também a escrita, que une a tradição oral a cultura escrita.
Diante deste
estudo tive uma dúvida em relação a tradição oral e a literatura oral. Qual é a
diferença?
A literatura
oral já foi definida acima. A tradição oral é transmitida oralmente, conservada
pelo costume, divulga e transmite o conhecimento popular, onde a memória
falhava entrava a imaginação para suprir-lhe a falta; é antiga, não tem textos
nem livros, sua característica é a fala, o vocal, o oral, produções orais; essa
oralidade existe antes do homem ter acesso à cultura escrita. É um costume da existência
humana, a tradição oral é mundial.
A expressão
oral pode existir – e na maioria das vezes existiu – sem qualquer escrita; mas
nunca a escrita sem a oralidade.
Sendo assim,
a tradição oral sempre existiu, por conta da cultura escrita foi definida a
literatura oral que tem o folclore como o patrimônio e dentro dele temos o mito
que deu origem a lenda; e o conto popular, dentre outros (refiro-me somente a
esses três que se tornaram objetos de meu estudo).
O que é o
folclore então?
Todos os
países do mundo, raças, grupos humanos, famílias, classes profissionais possuem
um patrimônio de tradições que se transmite oralmente e é definido e conservado
pelo costume; esse patrimônio é milenar e contemporâneo. Cresce com os
conhecimentos diários desde que se integrem nos hábitos grupais, domésticos ou
nacionais. Para conhecermos melhor um povo precisamos conhecer o seu folclore.
Cascudo
explica que o folclore é popular, mas nem todo popular é folclore, é preciso
que:
“O motivo, o fato, a ação,
seja antigo na memória do povo, anônimo em sua autoria, divulgado em seu
conhecimento e persistente nos repertórios orais ou no habito normal. Que sejam
omissos nos nomes próprios, localizações geográficas e datas fixadoras do
episódio no tempo”.
O mesmo
autor define como características principais de tais contos a antiguidade, o
anonimato, a divulgação e a persistência. Valendo também de apoio para a
seleção de versões que lemos e autores que elegemos.
Então me
pergunto quais as características principais para diferenciarmos o conto
popular, o mito e a lenda?
Os contos
populares transmitem valores éticos, conceitos morais, modelos de comportamento
e concepções de mundo. São contos transmitidos pela tradição oral das várias
regiões do Brasil, relatos dos povos que compõe a etnia brasileira, de certa
forma mais uma fuga do homem para satisfazer seus sonhos e fantasias.
Cascudo fez
uma divisão do conto popular por assuntos: Contos de encantamento
(sobrenatural), de exemplo (moral), de animais (fábulas), religiosos (divino),
etiológicos (explica formas curiosa de animais e plantas), de adivinhação
(vitória por descoberta de um enigma), acumulativos (o assunto é uma serie
encadeada de motivos), natureza denunciante, demônio logrado, ciclo da morte
(ela sempre vence) e contos sem fim.
Já os mitos trazem
animais fabulosos e seres fantásticos. Suas características individuais, mas
possuem costumes que vão mudando, adaptados as condições do ambiente em que agem,
em diferentes regiões podem ter características diversas.
As lendas
são relatos contados como fatos verídicos acontecidos em lugares concretos,
explica o surgimento de algo no universo, ensina e fixa hábitos e crenças de
determinados lugares, normalmente está ligada ao religioso.
Cascudo
define que o mito é uma explicação imediata, em sua essência é ação nitidamente
personalizadora e a lenda é um ponto imóvel de referência e tem como uma outra
característica a coletividade.
Toda
essa fantasia do folclore serviu de fonte de inspiração de muitos artistas
plásticos como: Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Cícero dias, Mário de
Andrade, dentre outros. Estarão sempre presentes também no trabalho de músicos,
poetas, escritores e contadores de histórias.
A roda de história: o seu papel na
formação do leitor
Na
roda de história, o professor compartilha esse momento prazeroso mostrando as
crianças o quanto é gostoso ler: estabelecendo um vínculo entre o livro e o
leitor, a criança participa, presta atenção na narrativa e vai percebendo que
existem novas formas de linguagem, amplia seu vocabulário e estabelece relações
entre o que já sabe e o que encontra de novo nestas leituras. As rodas permitem
às crianças familiarizar-se e querer aprender a ler, passando o sentimento de
desejo, anseio, aventura, tristeza, alegria, medo, etc.
Compartilhar
leituras com os pequenos é importante porque torna possível beneficiar-se da
competência dos outros para construir sentido e obter o prazer de entender mais
e melhor os livros, também porque permite experimentar a literatura em sua
dimensão socializadora, fazendo com que a pessoa se sinta parte de uma
comunidade de leitores com referências e cumplicidades mútuas.
Uma
experiência com o adulto fazendo uma leitura em voz alta, é o momento certo,
onde elas observam com atenção a gesticulação, a postura, os recursos da voz,
se estão lendo rápido ou devagar, se gostamos do que estamos lendo, se lemos
com vontade, se existe prazer na leitura, se paramos para ouvi-las, se
mostramos imagens; aprendem sobre diferentes modos de lidar com o texto
literário e até sem ele, num caso de contação, por exemplo.
COLOMER e
CAMPS
dizem que
“A condição básica e
fundamental para um bom ensino de leitura na escola é a de restituir-lhe seu
sentido de prática social e cultural, de tal maneira que os alunos entendam sua
aprendizagem como um meio para ampliar suas possibilidades de comunicação, de
prazer e de aprendizagem e se envolvam no interesse por compreender a mensagem
escrita”.
As crianças
vão formando um conhecimento sobre a linguagem escrita também por meio dessas
leituras, estabelecendo uma relação do que já se ouviu com que está ouvindo. A
roda de história oferece a oportunidade de se pronunciar, de argumentar, de
exercitar o ouvir e falar sempre que a achar necessário.
A oralidade também
está constantemente presente nesses momentos, tanto pelo professor que faz a
leitura quanto pelos alunos que, quando julgam necessário, se expressam. É
importante que eles tenham esse direito de falar e que saibam usá-lo diante da
situação de leitura; eles entram nesse
momento num intercâmbio de conhecimentos, tomam uma posição diante do que falar
e em que momento, contribuindo para ampliar e enriquecer seus conhecimentos,
entusiasmo e emoção, tanto para quem esta acostumando com esse mundo da leitura
quanto para que tem poucas oportunidades desta natureza.
Os pequenos
podem se encantar com o ato de ler ou não. Isso depende muito das experiências
que possuem em relação à leitura, inclusive no âmbito familiar, onde elas
observam os gostos, o comportamento e o interesse dos leitores, mas é papel da
escola fomentar esse interesse nos pequenos, a escola deve investir para que as
crianças não sejam despojadas de nossa herança literária.
Algumas
das vantagens de se ler em voz alta: desenvolve a capacidade de dar seqüência
lógica aos fatos; esclarece o pensamento; educa a atenção; desenvolve o gosto
literário; fixa e amplia o vocabulário; estimula o interesse pela leitura; desenvolve
a linguagem oral e escrita; a capacidade de recontar, de ouvir, de se
concentrar e de expandir o imaginário.
Segundo
Colomer e Camps: desenvolve esquemas narrativos progressivamente complexos ou
diversificados; enriquece a bagagem cultural do aluno e acrescenta ainda o
conhecimento receptivo das formas lingüísticas próprias do escrito, como a
utilização de determinadas estruturas sintáticas ou de um léxico mais variado e
amplo.
Este hábito de leitura é favorecido
quando existe na rotina um momento especifico para ele; neste sentido, não
importa se é na sala de aula ou na biblioteca, essencial é ter este tempo
reservado com este propósito.
A
organização das crianças tem sido sempre em roda para facilitar a troca e a
discussão, assim quando um fala todos olham para ela, assim elas já sabem
também como se portar na roda. E as mesmas têm sido na sala de aula ou na sala
de leitura.
Colomer e
Camps consideram, ainda, que
“A leitura
literária deve receber um tratamento especifico na escola, porque,
diferentemente das demais leituras, destina-se a apreciar o ato de expressão do
autor, a desenvolver o imaginário pessoal a partir dessa apreciação e a
permitir o reencontro da pessoa consigo mesma em sua interpretação”.
Deve-se
criar uma consciência nessas crianças sobre a leitura, para que consigam ser
sujeitos críticos, autônomos e competentes, conhecendo o que é “bom” não se
deixando seduzir apenas por imagens e personagens “comerciais”, é importante
existir um momento onde possamos discutir, apreciar, conversar, falar sobre as
narrativas e recontá-las, para que fiquem mais presentes em suas vidas e não
passem como somente mais uma historia esquecida. Podem existir algumas
atividades que favoreçam esse momento de memória, recordação, comentários,
descrições, diálogo etc.
No currículo argentino as
crianças precisam colocar em prática alguns procedimentos e atitudes no
primeiro ciclo que fazem parte dos momentos de roda de história como: Escutar e
compreender textos narrados e lidos por um docente; ler textos com muitas ilustrações
e textos que são auto suficientes; perguntar sempre o vocabulário quando não
entendido e o professor consultar o dicionário e fazer correspondências
lexicais; prestar atenção na história contada e ser sensível em relação a como
esta sendo contada; o professor deve apresentar o livro, situando as crianças
como gênero, editora, autor e ilustrador; oferecer narrativas mais elaboradas
que desenvolvam a capacidade de interpretações mais complexas, com mais de um
protagonista, por exemplo; o contato direto e diário com diferentes livros e
textos literários; que lhes sejam trabalhados com leitura de imagens; livros de
contos extensos, antigos, novos, de outros lugares; jogos com palavras,
canções, rimas; leitura freqüente de textos selecionados e leituras que as crianças
conhecem e querem repetir.
Olhando um
pouco mais para as crianças, Daniel Pennac em um de seus livros
esclarece várias dúvidas, atitudes e valores que nos ajudam a repensar o que é
positivo e o que é negativo para formar um leitor. Ensina-nos os direitos do
leitor, talvez nunca pensados por nós dessa forma, mostrando que não é
“pecado”, não somos piores que outros leitores caso nos venha acontecer de querermos
abandonar a leitura, pular páginas, reler, ler qualquer coisa, ler onde quiser,
devorar leituras, ler em voz alta, calar e ler uma frase aqui outra ali; cada
leitor é um ser que tem sua individualidade, não precisamos seguir fórmulas da
sociedade.
Seguem alguns
dos critérios levantados por Teresa Colomer para selecionar as leituras em voz
alta, que se encaixaram perfeitamente no que pensei para minha seqüência:
·
Escolher
contos ou livros que suponham uma bagagem cultural importante;
·
Apresentar
as leituras;
·
Relacionar
a obra com outras que conheçam as crianças pelo tema, autor, ilustrador, época,
etc;
·
Reler
as leituras de maior êxito;
·
Escolher
obras, que o próprio professor aprecie e
·
Escolher
contos ou livros que estejam mais além das possibilidades de leitura autônoma
das crianças.
Um critério
para se escolher esse gênero é que a leitura pode ser complexa, os textos são
mais extensos e normalmente são escritos com caixa baixa dificultando a leitura
das crianças. O professor deve ser o narrador ampliando a referência literária
das crianças e por vezes dando vida às histórias com gestos e sons. As crianças
ainda vão precisar do professor por algum tempo para entrar nesse mundo da
literatura e, a depender da complexidade do gênero, da obra ou até do autor,
demandarão o apoio do professor em outros momentos da escolaridade.
Os livros a
serem compartilhados também devem ser aqueles que ofereçam alguma dificuldade
ao leitor, para que valha a pena investir neles, assim as crianças se mantêm
atentas e essa dificuldade trará um desafio para ela de compreensão e busca
para antecipar a narrativa, que pode trazer ambigüidades para despertar o
interesse e as interpretações diversas. A idéia está em apresentar textos um
tanto além da possibilidade de leitora autônoma das crianças, reiterando um dos
critérios citados por Colomer.
Segundo artigo divulgado no site de
AZEVEDO:
“O texto literário por
definição, pode e deve ser subjetivo; pode inventar palavras; pode transgredir
as normas oficiais da Língua; pode criar ritmos inesperados e explorar
sonoridades entre palavras; pode brincar com trocadilhos e duplos sentidos;
pode recorrer a metáforas, metonímias, sinédoques e ironias; pode ser
simbólico; pode ser propositalmente ambíguo e até mesmo obscuro. Tal tipo de
discurso tende a plurissignificação, à conotação, almeja que diferentes
leitores possam chegar a diferentes interpretações. É possível dizer que quanto
mais leituras um texto literário suscitar, maior será sua qualidade”.
Algumas descobertas...
Notei que
algumas vezes me questionei ao ler alguns trechos por questões de censura (da
minha parte claro), ao mesmo tempo em que pensava “nossa será que leio isso?”
Imediatamente meu cérebro respondia “Ora, mas eles não têm o mesmo olhar que
nós adultos, não tem malícia e se está escrito é para ler”. O livro é adequado
para crianças e sendo assim minha postura foi sempre ler, nunca vedei nada, só
me questionava e olhava a reação deles depois do que lia... e a reação era
normal, claro! O que eu esperava?... O professor se depara com cada
questionamento! Para as crianças tem coisas que passam desapercebido e estão
presas mais na narrativa do que em alguns outros aspectos.
Entendi que ao escolher um livro infantil
deve-se valorizar o conteúdo e não restringir é importante; sempre fazer uma
pré-leitura e levar em conta que algumas frases fazem parte da história, da
cultura e muitas vezes é a identidade da narrativa, não ler significa
descaracterizar essa literatura.
A maioria
dos livros que utilizei tinha ilustrações e percebi que fez bastante diferença
principalmente quando é um mito em eles pedem muito as imagens; quando é um
conto tradicional, querem prestar atenção na história para entender o que está
acontecendo e não se prendem as imagens.
A
importância das ilustrações está em considerar que segundo AZEVEDO:
“É impossível negar
que todo o texto ilustrado vai, necessariamente, receber interferência de suas
ilustrações. A energia, a leitura (ilustrar é interpretar), o imaginário, a
linguagem, as cores, o clima, a técnica, as referências icônicas, tudo o que o
ilustrador fizer, vai alterar e interferir na leitura (e no significado) do
texto”.
A imagem
nesse caso (dos mitos) alimenta e complementa a imaginação das crianças, é
prazeroso vê-las, como não vêem estes monstros por ai, a curiosidade é grande
de ver como eles são. Ampliando a linguagem visual das crianças, porque eles
comparam com outras que já viram ou que mostro de outro livro.
A narrativa
explica como é tal monstro, eles imaginam e logo querem ver como está no livro.
Algumas vezes parece ser difícil imaginar algumas coisas, isso porque existe
uma discrepância sobre o que alguns sabem e o que outros não sabem. Por conta
disso, quando alguém pergunta, dou abertura sempre para quem quiser responder e
depois eu complemento se precisar ou respondo se ninguém souber.
É muito importante educar esse olhar
dos pequenos, trabalhar em sala de aula com a inteligência viso-espacial, buscar
estratégias para eles se tornarem observadores, aprendendo a olhar para aquela
imagem, apreciar e não apenas ver, desenvolver essa capacidade o ajudará a
melhor atribuir significado ao que é estético. Alguns livros exploram mais que
os outros a fronteira entre a compreensão e a atração nos livros infantis.
“Levar em conta a existência, dentro de livros,
de diferentes graus de relação entre o texto escrito e as imagens pode, apesar
disso, contribuir para uma melhor compreensão desse território rico e complexo
que é o livro ilustrado”.
Nesta
seqüência tentei apresentar as crianças diferentes livros, ilustrações, textos
e formas de contar. Algumas das apresentações foram “contação” sem o apoio do
livro, mas a maioria delas com o livro, livros somente com textos, livros ilustrados
com diferentes técnicas, colorido, preto e branco, pequenas ilustrações que dão
luz a imaginação das crianças e outras mais explícitas, gostaria de ter
apresentado diversas configurações em relação ao formato do livro (pequeno,
grande, grosso, fino, quadrado, retangular, etc).
Diferentes finais de história foram
muito importantes para se distanciarem do final de sempre, que é o de felizes
para sempre ou sempre positivo ou que o bonzinho ou herói sempre vence,
contribuindo para desmistificar algumas convicções.
As
ilustrações complementam o texto e vice-versa. Alguns livros de qualidade
trazem um paralelo entre texto e imagem; não sobrecarregando o livro, a imagem proporciona
o caminho para chegar a histórias mais complexas, possibilitando diminuir a
linearidade do discurso, por meio das imagens a criança pode chegar a entender
melhor a história complementando o texto se estiver muito difícil de compreender.
O texto ficaria em segundo plano para tal criança e ela se concentraria mais na
ilustração para melhor interpretação. A ilustração é uma referência visual
podendo dar dicas sobre a historia. Também pode complicar a interpretação, é um
recurso que permite estabelecer divergências de significados.
Algumas Considerações
A literatura
oral popular do Brasil tem o sentido de divertir e emocionar fazendo com que as
crianças conheçam outros mundos e os comparem com a própria realidade, nos
revela informações históricas e sociológicas, apresentando costumes, idéias,
decisões e julgamentos, ambos de fonte popular. As crianças acessam a outros
mundos lhes permitindo diferenciar a própria, realidade do que é ficção,
interpretando a cultura.
Acredito que
deve haver um investimento maior na escola com esse gênero, uma vez que as
crianças conhecem muitos contos fadas e não conhecem textos específicos de
nossa própria cultura, que é muito rica e merece investimento tanto quanto as
de outros países. O folclore apresenta narrativas que seduzem esses pequenos leitores.
Os registros
da cultura popular que expressam as tradições de nosso povo devem ocupar um
vasto espaço em nossas bibliotecas, permitindo que nossos alunos possam
vivenciá-las em toda sua riqueza, permitindo que as crianças entrem em contato
com que foi construído culturalmente. Sugiro que se tenha mais livros de
folclore para acesso das crianças mesmo que sejam mais simplificados a intenção
é formarmos leitores críticos, autônomos e competentes e esse tipo de titulo
ajuda nessas escolhas. E que esta seqüência, complementada pela equipe da
série, passe a fazer parte do currículo do 1º ano.
Os textos
literários apresentados para as crianças de 6 anos tiveram um contexto de
trazer a diversidade de textos, onde notei que pude ampliar a experiência
leitora e contribuir para aquisição de novos esquemas narrativos.
A
importância da roda é socializar o conhecimento, as crianças não nascem
leitoras, apreciadoras, dia a dia vão avançando
neste sentido por meio de uma outra pessoa, pais ou professores. Os
alunos progridem quando a leitura é compreensiva, interpretativa, quando os
elementos internos são explorados, entrando num intercâmbio com os conhecimentos
externos.
O diálogo na
roda foi uma intervenção acertada e significativa que mudou meu olhar em
relação a contar histórias e a como deve ser encaminhado esse momento. A
questão da censura ficou bem clara, que a interpretação infantil nunca será a
mesma de um adulto; as crianças mantêm seu olhar infantil e, sobre as
ilustrações, ela tem o papel de ampliar a interpretação e imaginação, fazendo
com que as crianças percebam a relação do texto com a imagem e a compreendam de
modo integrador.
Texto de autoria: Marcela Chanan
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